Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

domingo, 10 de junho de 2012

Rio+20- Desenvolvimento Sustentável: Trem sustentável muda rotina de moradores no sertão do Ceará



O VLT do Cariri funciona há mais de dois anos transportando por uma antiga linha férrea cerca de 1.400 usuários por dia. Ele percorre nove estações ao longo de 13,6 quilômetros em 40 minutos e liga as cidades do Crato e de Juazeiro do Norte, principais centros urbanos da região do Cariri, sul do Ceará.
Menos emissões
“A emissão de gases é muito menor. O modelo utilizado no Cariri tira seis ônibus bem mais poluentes das ruas. É considerado um veículo bem seguro, confortável e mais rápido”, explica o engenheiro mecânico e diretor de operações da empresa responsável pelo VLT do Cariri, o Metrô de Fortaleza (Metrofor), Plínio Saboia.
Soluções mais sustentáveis para as cidades, inclusive dos seus sistemas de transporte, são um dos temas a serem debatidos na Rio+20, a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece este mês no Rio de Janeiro.
O trânsito entre os moradores das duas cidades seja para trabalhar, estudar ou comprar é histórico e, antes, o transporte público era feito por uma linha de ônibus intermunicipal e vans. Saboia considera o VLT uma evolução dos antigos bondes elétricos. "Em outros países, os bondes foram se aperfeiçoando até chegar ao modelo de VLT. No Brasil, deixou de ser utilizado, e cada pessoa passou a ser locomover no seu carro".
“Acho que o VLT ainda vai crescer muito pelo Brasil. É um transporte barato, polui menos que outros transportes, é mais rápido e confortável”, diz Geovane Araújo, um dos operadores do VLT. A implantação do metrô gerou, aproximadamente, 160 empregos diretos na região.
'Made in Ceará'
O pioneirismo cearense em "resgatar o bonde" chamou a atenção de outras cidades brasileiras, como Recife, Maceió, São Paulo, Rio de Janeiro e Macaé. As empresas e governos interessados no modelo viajam ao Ceará para conhecer a fábrica, o trem e as estruturas das estações. Os três veículos, com duas composições cada, foram montados pela empresa Bom Sinal, no município de Barbalha, a 28 quilômetros de Juazeiro do Norte.

 As peças de tração dos trens são importadas da Alemanha, mas a integração das partes e dos sistemas é toda feita no Ceará. “O VLT é 80% feito no Ceará, é uma tecnologia nacional”, afirma o diretor de operações do Metrofor.
A linha férrea usada para o transporte de cargas da linha Transnordestina foi remodelada para receber o novo veículo e a prioridade no trecho tornou-se a locomoção de passageiros.
Os engenheiros decidiram utilizar o modelo com motor movido a diesel, em vez do elétrico, pelo fato de os custos serem mais baixos. Segundo o governo do estado, o valor total da implantação foi de R$ 25 milhões.
Economia
Os benefícios da chegada do VLT, com uma passagem no valor de R$ 1, são logo sentidos no bolso e no tempo dos usuários. “Gastava mais de R$ 85 de gasolina e, hoje, não chego a gastar nem R$ 60 por mês indo trabalhar”, diz Allan Batista.
“É climatizado, mais seguro e não é lotado como os ônibus. Em dez minutos, chegamos à escola. A gente percebe também a mudança para os estudantes. O trem facilitou muito a vida deles, que sempre precisam fazer uma atividade extra e não dependem mais de ônibus e da insegurança”, relata a professora de língua estrangeira e empreendedorismo.
“Além de remodelar os trilhos, o entorno também passou por melhorias. Nesse percurso do trem, foram instalados escolas, supermercados e restaurantes”, diz a diretora do Metrô do Cariri, Dina Moreira. A Escola Estadual de Educação Profissional Raimundo Saraiva Coelho, onde os dois professores trabalham, foi inaugurada em agosto de 2011, ao lado da passagem do VLT.
Subutilizado
Mesmo com as mudanças nas rotinas de Allan, Fabiana, e de muitos estudantes, o metrô do Cariri ainda é subutilizado. A meta do Metrofor é que de 2.500 a 3.000 pessoas sejam beneficiadas diariamente com o trem. Por ter reaproveitado o caminho da linha férrea construída há mais de 50 anos, o VLT não passa pelas áreas centrais das cidades. Para chegar às estações, a maioria dos usuários precisa tomar um ônibus, pagando duas passagens.
O Metrofor informou que estuda um projeto de integração no metrô da região. "Quando os transportes estão interligados, há um aproveitamento bem melhor”, afirma o diretor Plínio Saboia. Segundo o governo estadual, não há previsão para a integração se concretizar.
Além da falta de integração, as viagens de metrô estão mais difíceis por causa da demora de uma viagem para outra. A espera média de um usuário, que deveria ser de 40 minutos, agora é de uma hora e vinte minutos, porque apenas um trem está em atividade. Dois veículos foram danificados em colisões com automóveis e estão parados para reformas. O Metrô do Cariri funciona com três veículos, dois em atividade e um sobressalente. Segundo a diretora Dina Moreira, a situação deve ser normalizada ainda em junho.

Rio+20- Trabalho Sustentável: 'Empregos verdes' incluem motorista de ônibus e atendente telefônico.

Motoristas de ônibus, operadores de centrais de teleatendimento, mecânicos de automóveis. Todas estas profissões são consideradas “empregos verdes” pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) -- mesmo que muitos dos profissionais que as exerçam nunca tenham se dado conta disso.
“Qualquer ocupação que possa ter um impacto positivo em termos de reduzir emissões de carbono e impactos ambientais pode ser considerada um emprego verde”, explica Paulo Sérgio Muçouçah, coordenador do Programa de Trabalho Decente e Empregos do escritório brasileiro da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Portanto, o motorista de ônibus dá sua contribuição ao fazer com que menos pessoas usem carros, enquanto o operador de telefonia presta atendimento a clientes que, de outra maneira, teriam de se deslocar para usar determinado serviço, gastando combustível. O mecânico de automóveis, por sua vez, colabora com o meio ambiente ao aumentar a vida útil dos carros, evitando que sejam trocados por novos.
Setores
Os dados mais recentes da OIT, referentes a 2010, indicam que atualmente há 2,9 milhões de trabalhadores ocupando “empregos verdes” no país, 6,6% do mercado formal. O setor de transportes coletivos e alternativos aos meios rodoviário e aéreo é responsável por 857 mil dessas vagas.
  Ao evitar deslocamentos de clientes, atendente telefônico contribui com sustentabilidade. (Foto: Reprodutção/TV Globo)
A geração e distribuição de energia renovável também é um setor relevante dentro do total de empregos verdes, respondendo por 580 mil vagas. Ele é especialmente grande no Brasil, graças ao setor produtor de etanol, mais desenvolvido aqui que em outros países.
Depois, por ordem de tamanho, vêm os setores de manutenção e recuperação de materiais, com 498 mil, telecomunicações e teleantendimento, com 485 mil, e saneamento e gestão de resíduos, com 335 mil.
Produção e manejo florestal, ramo que poderia ser considerado um símbolo do “emprego verde”, entra com 149 mil postos de trabalho. “Em qualquer atividade econômica você pode ter uma série de procedimentos para aumentar a eficiência energética”, explica Muçouçah.
“Até a arquitetura dos prédios, por exemplo, com adoção de ventilação natural, pode contribuir”, menciona, ao explicar que o setor de construção, ao lado da agricultura, são os que mais consomem recursos naturais e têm grande potencial para se tornarem mais verdes.
Verde com orgulho
“Você se sente importante de trabalhar numa empresa que desenvolve tecnologia que ajuda as pessoas a proteger o meio ambiente”, orgulha-se Helvecio Gomes, que supervisiona uma linha de montagem de reservatórios na Heliotek, indústria de aquecedores solares de água em Barueri, na Grande São Paulo.
Os trabalhadores muitas vezes não percebem que atuam num emprego sustentável. “Quando vim para esse trabalho, não sabia desse lado ambiental. Com o tempo fui me interessando mais, até pesquisando a respeito na internet”, explica Jânio Freitas, operador de empilhadeira e colega de Gomes.
Apenas o ramo de aquecimento solar de água, segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), já emprega 30 mil pessoas no Brasil. “Saber que estou num trabalho verde dá mais ânimo, até de pensar nas futuras gerações”, diz Freitas.
A criação de mais empregos verdes e a transição da economia global para um modelo mais sustentável serão discutidos na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento sustentável, Rio+20, que acontece este mês no Rio de Janeiro.
Relatório internacional publicado recentem pela Iniciativa Empregos Verdes, parceria entre OIT, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Organização Internacional de Empregadores (OIE) e a Confederação Sindical Internacional (CSI), aponta que essa transição para uma economia mais verde pode gerar entre 15 e 60 milhões de novos empregos nas próximas duas décadas, tirando dezenas de milhões de pessoas da pobreza.

Programação da Rio+20



O Rio de Janeiro se torna entre os dias 13 e 22 de junho a capital mundial da sustentabilidade ao abrigar a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que vai reunir ao menos cem chefes de Estado, além de milhares de diplomatas e membros da sociedade civil para discutir o que é uma “economia verde”.
Devido à grande movimentação de pessoas de diversas partes do mundo, ao menos 15 mil agentes de segurança estarão nas ruas para reforçar o policiamento na capital fluminense e modificações no trânsito serão realizadas para facilitar o acesso aos delegados da Organização das Nações Unidas que participarão dos encontros oficiais.
O Riocentro, que foi cedido oficialmente à ONU nesta terça-feira (5), vai abrigar negociadores e governantes durante as duas semanas da Rio+20. Outros locais do Rio de Janeiro também vão abrigar fóruns paralelos e eventos voltados para diversos setores.
Local
Data
Evento







Riocentro/ Barra da Tijuca (Perímetro das Nações Unidas)*
13 a 15/6
Abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável e última rodada de negociações sobre o documento final
16 a 19/6
Evento “Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável”, com a presença de ao menos 78 especialistas. Veja a programação
20 a 22/6
Segmento de Alto Nível da Rio+20. Ao menos cem chefes de Estado e representantes de governo estarão presentes
21/6
Cúpula feminina de chefes de Estado pelo futuro das mulheres - ONU Mulheres
13 a 22/6
Eventos paralelos realizados por Organizações não-governamentais. Veja a programação
Aterro do Flamengo
15 a 23/6
Cúpula dos Povos. Evento paralelo à Rio+20, organizado pela sociedade civil e instituições. Estão previstas passeatas pela cidade







Forte de Copacabana*
11 a 22/6
Humanidade 2012 - O espaço sediará diversos eventos paralelos à Conferência da ONU, como reuniões, seminários e oficinas.
11 e 12/6
TEDxRio+20 - Evento vai reunir nomes do Brasil e do exterior para curtas palestras sobre o desenvolvimento sustentável.
14 e 17/6
Rio Clima - Preparação informal para a Conferência da ONU sobre Mudança Climática, a COP 18, que acontece em novembro no Qatar
15 a 17/6
Fórum de Empreendedorismo Social na Nova Economia
19/6
C-40 – Cúpula dos prefeitos na Rio+20. Um dos principais nomes do evento é o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg.
Quinta da Boa Vista
31/5 a 7/6
Green Nation Fest - Festival interativo e sensorial que une cinema, educação, esporte e moda para falar de sustentabilidade

Hotel Windsor Barra, Barra da Tijuca*
15 a 19/6
Fórum de Sustentabilidade Empresarial. Debates com executivos de todo o mundo sobre os temas da Rio+20
19/6
Rio+Social - Discussão social e tecnológica com nomes como Pete Cashmore (Mashable), Ted Turner (CNN) e Richard Branson (Virgin)
Parque dos Atletas
13 a 22/6
Exposições mostram como as cidades podem se desenvolver de forma sustentável até 2030 e como já melhoraram desde a Rio 92
PUC/RIO - Gávea*
11 a 15/6
Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, com especialistas do IPCC
Museu de Arte Moderna (MAM)
16 a 22/6
Arena Socioambiental, com debates, shows e exposição interativa de Cândido Portinari
*Apenas para pessoas credenciadas

Rio + 20 – Oceanos: Navios deixam cair mais de 600 contêineres no mar a cada ano.


Quando o mar está muito agitado ou quando empresas declaram peso menor que o real para os contêineres que estão despachando, acidentes podem acontecer e essas grandes caixas de aço, usadas para transporte em navios em todo o mundo, podem se soltar e cair no mar.
De acordo com levantamento do World Shipping Council, grupo que congrega empresas de navegação que fazem mais de 90% do transporte de carga marítima internacional, em média 675 contêineres por ano acabam no fundo do oceano. Considerando que, em 2010, esse setor deslocou 100 milhões dessas unidades, o índice de perda parece pequeno.
Mas o fato é que, a cada ano, em centenas de pontos pelo mundo, o chão dos oceanos é “presenteado” com imensas caixas metálicas, às vezes com conteúdo poluente, e o efeito disso ainda é pouco conhecido.
“Os navios de contêineres normalmente não têm guindastes ou outros dispositivos que permitiriam recuperá-los do mar. Geralmente, eles descem até o fundo. Mas em casos em que as condições permitem, tentamos recuperar”, diz Anne Kappel, vice-presidente do WSC.
Os pesquisadores americanos Andrew DeVogelaere e Jim Barry coordenam um trabalho para entender melhor qual é o efeito dos contêineres sobre o ambiente marinho. Os cientistas enviaram um submarino robotizado até um deles, perdido a 1.281 metros de profundidade no Oceano Pacífico, a oeste da costa da Califórnia.
A pesquisa ainda não foi encerrada, mas eles já verificaram que o aparecimento do bloco metálico alterou a ecologia no local. Em volta do contêiner perdido, foram encontradas espécies diferentes das que normalmente habitam as imediações, já que ali há apenas um fundo arenoso. Os pesquisadores acreditam que, além dessa alteração, o contêiner ainda pode servir de “parada” para seres vivos que estão migrando para outros pontos, oferecendo um substrato sólido para se fixarem, o que, de outra forma, não aconteceria no chão de areia.
O levantamento ainda é preliminar, mas já está claro que esse tipo de acidente tem seus efeitos sobre a vida no mar.


Rio + 20 - Florestas - Empresa usa robô para explorar madeira submersa.



Tucuruí, Balbina, Itaipu. O Brasil tem represas imensas que têm dentro delas um tesouro oculto, praticamente esquecido: esses lagos encobriram milhares de quilômetros quadrados de floresta, e boa parte da madeira segue ali, mesmo após décadas submersa.
Mas como pôr as mãos nessa matéria-prima? Uma empresa canadense desenvolveu um robô controlado à distância que desce até o fundo do lago, amarra bolsas infláveis nas árvores e corta seus troncos, fazendo com que flutuem.
Ele pode descer a até 100 metros de profundidade e retira até 50 árvores a cada mergulho.
“Conseguiríamos retirar mais de 150 mil metros cúbicos de madeira por ano de cada um dos grandes lagos brasileiros”, calcula Alexandre Lima, diretor-presidente da Triton Logging no Brasil.
O volume, que de outra forma poderia ser retirado de alguma floresta fora d'água, equivale a, aproximadamente, 7.500 caminhões carregados.
De olho nas grandes represas do Brasil, a Triton Logging já tem um escritório no país, mas ainda não conseguiu nenhuma autorização de exploração.
No caso de lagos administrados por empresas públicas, teria de passar por licitação. Segundo Lima, um levantamento internacional estimou que existem 300 milhões de árvores submersas. A empresa explora a madeira da maior represa em superfície de água no mundo, o Lago Volta, em Gana.
Ilustração mostra como o robô, controlado a partir de uma balsa na superfície, prende um flutuador inflável no tronco da árvore e corte seu tronco, fazendo-a flutuar. (Foto: Divulgação)

Fora d'água
Mas para o consultor de sustentabilidade e ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Azevedo, a madeira submersa, sendo um recurso limitado, não representa realmente uma alternativa para proteger as florestas. “Nesse sentido, seria mais uma curiosidade”, avalia.
A exploração das matas nativas segue sendo um problema ao redor do globo – e é um dos temas da Rio+20, a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece em junho no Rio de Janeiro.
Relatório da ONU sobre o estado das florestas no mundo aponta que, entre 2000 e 2010, o mundo perdeu 52 mil km² de cobertura florestal – e cerca de metade dessa área foi desmatada no Brasil.
Negociação
Para Azevedo, o documento formulado até agora pelos negociadores da Rio+20 está ainda pouco ambicioso no quesito florestas. “Acho acanhado no sentido de apontar um caminho. A gente deveria desejar algo muito mais forte.”
O rascunho em negociação menciona que até 2030 a perda de cobertura florestal do planeta deve ser reduzida pela metade, aponta Azevedo. Mas ele acredita que a meta poderia ser estancar totalmente a destruição.
A questão territorial, no entanto, acaba dificultando. ”É superimportante, mas tem alguns limitantes. É diferente de outros temas, como biodiversidade, clima, oceanos, que são universais. Não existe, por exemplo, uma água que pertença a um país. Não existe fronteira para biodiversidade. A mesma coisa acontece com o clima. Mas a floresta tem uma fronteira. Toda vez que falamos de floresta, entramos numa questão de soberania”, explica.
Por isso, a interferência da comunidade internacional acaba ficando restrita. A saída são incentivos internacionais à conservação. Falta também uma equivalência econômica aos serviços ambientais prestados pelas florestas, como a formação de chuvas. “O mercado global de produtos florestais é alguma coisa em torno de US$ 1 trilhão.


Rio + 20 - Projeto vai explorar biodiversidade para difundir novos alimentos.



Variedade de formiga branca é uma das
espécies que o Projeto Biodiversidade
para Alimentação e Nutrição vai estudar.
(Foto: Reprodução)

Brasil, Quênia, Sri Lanka, e Turquia terão espécies estudadas. Formigas brancas e 'prima' da goiaba fazem parte da iniciativa..
Crocantes formigas brancas fritas. Essa é uma das apostas de um projeto internacional de pesquisa de biodiversidade para ajudar a diminuir o problema da fome. Muito consumidos no oeste do Quênia, esses insetos são uma alternativa interessante como fonte de proteína.
A iniciativa foi lançada no fim de abril e, além do Brasil e do Quênia, é liderada por Sri Lanka e Turquia.
O objetivo é identificar pelo menos 150 espécies de plantas, animais e fungos nesses países, avaliar o valor nutricional de cada uma delas e então empreender ações para aumentar seu consumo.
O programa se baseia na ideia de que muitos alimentos tradicionais ou ainda não domesticados foram trocados por comidas mais massificadas, mas às quais parte da população tem dificuldade de acesso.
Ou seja, há muita gente passando fome porque não tem dinheiro para comprar alimentos, quando poderiam cultivar ou mesmo extrair da floresta variedades comestíveis que nem imaginam. E a iniciativa ainda pode ter um outro efeito: ao conhecerem as propriedades nutricionais de determinadas plantas ou animais, os habitantes de cada região podem melhor conservá-las. A pesquisa também prevê a domesticação de espécies selvagens.
Brasil
No caso do Brasil, uma das apostas é a feijoa ou goiabeira-serrana, uma planta que tem como habitat natural uma área que se estende de Santa Catarina para o sul, até o Paraguai e a Argentina.
Fruta similar à goiaba, é velha conhecida da gente do campo, mas demorou a ser domesticada pelos brasileiros. Cerca de 40 anos atrás, foi levada para a Flórida, nos Estados Unidos, e depois chegou à Nova Zelândia, onde é base de produtos como compotas, geleias e até um espumante.
Mais recentemente, a feijoa foi domesticada no Brasil e deve ser mais bem aproveitada.
No Brasil serão analisados apenas vegetais. As variedades incluem a copaíba, o pinhão de araucária, a bacaba, o camu-camu, a jabuticaba, o umbu, além de várias outras, menos conhecidas.
A feijoa é uma das espécies em pesquisa na parte brasileira do projeto. (Foto: HortResearch/Divulgação)

A ONU estima que desde o início do século passado, cerca de 75% da diversidade de cultivos desapareceu das lavouras pelo mundo.
O Brasil é o país mais rico em biodiversidade no mundo, mas a base da alimentação da população é de espécies exóticas. “Às vezes passamos um mês sem colocar uma espécie nativa na boca”.
O melhor aproveitamento da variedade de alimentos que a natureza pode oferecer é apenas uma das medidas que a humanidade pode tomar para reduzir o número de mais de 900 milhões de pessoas que passam fome atualmente no mundo. E esse é um dos temas que a Rio+20, a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável.
Nos anos 60, se tinha uma visão de aumento da produtividade pela modernização da agricultura. E hoje, 40 ou 50 anos depois, o número absoluto de pessoas que passam fome aumentou”.


Rio + 20 - . Acesso a recursos hídricos.





Existe no mundo alguma cidade que tenha 100% da água que usa reaproveitada? Existe. É Tel Aviv, em Israel. Toda vez que alguém toma banho ou puxa a descarga na maior área metropolitana daquele país, a água vai para um complexo de tratamento e é recuperada.
Para ser purificado, o esgoto é bombeado para dentro da terra e novamente retirado, passando por tratamentos físicos, químicos e biológicos na maior estação de tratamento do Oriente Médio, o Shafdan.
Depois, a água percorre cerca de 100 km por dutos até o deserto de Neguev, onde irriga variadas plantações.
O sistema começou a ser instalado  há mais de 30 anos e permitiu “transferir grandes áreas agrícolas do congestionado centro do país para a amplidão do Neguev”, orgulha-se a Mekorot, a companhia nacional de água de Israel.
O Shafdan é um exemplo de como um país que enfrenta escassez de água pode fazer melhor uso desse recurso.
E contempla uma outra questão importante: o grande volume consumido pela agricultura - a ONU estima que 70% da água usada pelo ser humano vai para irrigação.
Um dos problemas sobre os quais os diplomatas devem se debruçar é como ampliar o acesso aos recursos hídricos. Desde 1990, segundo as Naçoes Unidas, cerca de 1,7 bilhão de pessoas passaram a desfrutar de água potável, mas ainda há mais de 880 milhões no planeta que não têm esse privilégio.
As nações mais desenvolvidas são as que em média gastam mais água per capita, mas possuem recursos para tratá-la: “Os países ricos são perdulários. Mas eles podem, porque têm como sobreviver a esse modo de vida”.
Os países europeus, por exemplo, dependem de alimentos importados. Por isso, têm preocupação com a escassez de água em lugares como a África. “A Europa não tem capacidade de produzir todo seu alimento. Eles precisam do alimento do mundo. Se o mundo sucumbir [por falta de água], eles vão morrer de fome.”
Outra dificuldade apontada  é o desequilíbrio regional dos recursos hídricos (veja na tabela abaixo). A Ásia, por exemplo, que concentra mais de metade da população mundial, detém pouco mais de um terço da água doce. A América do Sul, por sua vez, é a que tem maior folga, com 6% da população mundial e 26% da água.



% da população mundial
% dos recursos hídricos do planeta
(Fonte: ONU)
América do Sul 
6% 
26% 
América do Norte 
8% 
15% 
Oceania 
<1%  
5% 
Europa 
13% 
8% 
Ásia 
60% 
36% 
África 
13% 
11% 





















Mortes
A ONU estima que, em média, 5 mil crianças morram por dia de doenças relacionadas à falta de água ou saneamento básico no mundo.
Ao lado de investimentos pesados, como os de Israel, que há mais de três décadas iniciou o projeto de reaproveitamento do esgoto de Tel Aviv, a tecnologia também pode criar alternativas para ampliar o acesso à água.
Um exemplo inusitado foi divulgado recentemente: é um gerador eólico capaz de “produzir” até 1.200 litros de água líquida por dia, da empresa francesa Eolewater. Trata-se de um catavento que gera energia, acionando um sistema de refrigeração.
Resfriando o ar, o aparelho condensa a umidade presente na atmosfera. Assim, é possível retirar água do ar em áreas remotas, sem acesso a energia elétrica.
Um protótipo dessa máquina funciona atualmente em Abu Dabi, nos Emirados Árabes, desde outubro, e consegue retirar até 800 litros de água do ar por dia, mesmo estando numa região desértica.