Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

terça-feira, 28 de junho de 2011

LINKS

INSTITUCIONAIS
Organização das Nações Unidas (ONU) - www.un.org
Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD) -www.unctad.org
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) - www.undp.org
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) - www.fao.org
PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente ) - www.pnuma.org
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - www.unesco.org.br
Banco mundial - www.worldbank.org
Mercosul - www.mercosur.org.uy
Nafta - www.nafta-sec-alena.org
União Européia (UE) - www.europa.eu.int
Alca - www.ftaa-alca.org
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) - www.ipea.gov.br
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) - www.seade.gov.br
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) - www.incra.gov.br
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - www.ibama.gov.br
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - www.inpa.gov.br
Fundação Getúlio Vargas - www.fgv.br
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - www.ibge.gov.br

NÃO GOVERNAMENTAIS

AGB Nacional - www.agb.org.br
AGB Bauru - www.agbbauru.org.br
Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos (Attac) - www.attac.org
Fórum Social Mundial - www.forumsocialmundial.org.br
Grupo de Estudo e Pesquisa Sobre Países Socialistas e Ex-Socialistas GEPPS-NEC -sites.uol.com.br/nec-uff
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) - www.mst.org.br
Comissão Pastoral da Terra (CPT) - www.cptnac.com.br
Movimento Zapatista - www.fzln.org.mx
O Mundo Negro - www.mundonegro.com.br
Mulheres Negras - www.mulheresnegras.org
Instituto Sócio-ambiental - www.socioambiental.org (link para povos indígenas do Brasil)
Portal SOS Mata Atlântica - www.sosmatatlantica.org.br
Instituto Socioambiental - www.socioambiental.org
Greenpeace (Brasil) - www.greenpeace.org.br
Worldwatch Institute (Brasil) - www.wwiuma.org.br
Ambiental Brasil - www.ambientebrasil.com.br
WWF (Fundo Mundial para a natureza) - www.wwf.org.br

PRINCIPAIS JORNAIS DO BRASIL
Acre
O Rio Branco: www.oriobranco.com.br
A tribuna: www.jornalatribuna.com.br
Alagoas 
Gazeta de Alagoas : www.gazeta-oam.com.br
Amazonas 
A Crítica : www.acritica.com.br 
Amazonas em tempo : www.emtempo.com.br 

Bahia 
A tarde : www.atarde.com.br 
Correio da Bahia : www.correiodabahia.com.br 

Brasília 
Correio Brasiliense : www.correiodabahia.com.br 
Diário Oficial : www.in.gov.br 
Jornal de Brasília : www.jornaldebrasilia.com.br 

Ceará 
Diário do Nordeste : www.diariodonordeste.com.br 
No olhar : www.noolhar.com 

Espírito Santo 
Gazeta online : 'www.gazetaonline.com.br 

Goiás 
O Popular : www.opopular.com.br 
Diário da Manhã : www.dm.com.br 
Jornal Opção : www.jornalopicao.com.br 

Maranhão 
O Estado do Maranhão : www.oestadoma.com.br 

Mato Grosso 
Folha do Estado : www.folhadoestado.com.br 
A Gazeta de Cuiabá : www.grupogazeta.com.br 

Mato Grosso do Sul 
Correio do Estado : www.correiodoestado.com.br 

Minas Gerais 
Estado de Minas : www.em.com.br 
Tribuna de Minas : www.tribunademinas.com.br 

Pará 
Tribuna do Pará : www.tribunadopara.com.br 

Paraíba 
Correio da Paraíba : www.correiodaparaiba.com.br 

Paraná 
O Estado do Paraná : www.parana-online.com.br 
Jornal de Londrina : www.jornaldelondrina.com.br 
Gazeta do Paraná : www.gazetadoparana.com.br 

Pernambuco 
Diário de Pernambuco : www.diariodepernambuco.com.br 
Folha de Pernambuco : www.folhape.com.br
Piauí
Meio Norte: www.meionorte.com
Jornal O Dia: www.portalodia.com
Diário do Povo do Piauí: www.diariodopovo-pi.com.br
Rio de Janeiro 
Jornal do Brasil : www.jb.com.br 
O Globo : www.oglobo.com.br 
O Dia : www.uol.com.br/odia 
Jornal do Comércio do Rio de Janeiro : www.jornaldocomercio.com.br 

Rio Grande do Norte 
Diário de Natal : www.diariodenatal.com.br 
Tribuna do Norte : www.tribunadonorte.com.br 

Rio Grande do Sul 
Correio do Povo : www.cpovo.net 
Zero Hora : www.zerohora.com.br 

Rondônia 
Folha de Rondônia : www.rondoniagora.com.br 

Santa Catarina 
Diário Catarinense : www.rsbjornal.com.br/dc 
Folha Catarinense : www.folhacat.com.br 

São Paulo 
O Estado de São Paulo : www.estado.com.br 
Folha de São Paulo : www.folhaonline.com.br 
Jornal da Tarde : www.jt.com.br 
Gazeta Mercantil : www.gazetamercantil.com.br 

Tocantins 
Jornal do Tocantins www.jornaldotocantis.com.br 
Folha Popular : www.folhapopular.com

A AGONIA DOS OCEANOS


Cinco situações-limite mostram o nível alarmante de deterioração dos mares causada pela ação humana
Durante muito tempo, acreditou-se que a vastidão dos oceanos seria capaz de anular as agressões que a ação humana lhes impõe. Vazamentos de óleo e de produtos químicos, por exemplo, ocorrem com freqüência e produzem imagens chocantes. Mas sempre pareceram uma gota na imensidão, de forma que se avaliava que o mar acabaria por anular os efeitos rapidamente. Agora, diante de uma série de fenômenos recentes e inesperados, os biólogos alertam para uma situação muitíssimo mais grave: os oceanos estão doentes e, em muitos casos, ultrapassou-se a capacidade de auto-regeneração. Evidentemente, a ação do homem é decisiva para a deterioração das águas. Nos atóis do Pacífico e no norte da Europa, observa-se a queda abismal dos cardumes de peixes, dos mamíferos marinhos e dos bancos de corais, enquanto cresce a quantidade de algas tóxicas e águas-vivas. Focas, leões-marinhos e golfinhos morrem aos milhares na costa da Califórnia, fulminados por toxinas que até pouco tempo atrás não existiam na região. No Golfo do México, as marés vermelhas, que matam os peixes e lançam no ar substâncias que atacam o sistema respiratório de seres humanos, são cada vez mais freqüentes. Para espanto dos cientistas, algas venenosas que habitavam os mares nos tempos dos dinossauros voltaram a proliferar em uma dúzia de pontos do planeta.

Há várias causas para esses desastres naturais, mas todas têm uma origem em comum: a quantidade cada vez maior de resíduos da atividade humana que vão parar nos oceanos. O conteúdo das fossas e tubulações de esgoto doméstico, os dejetos industriais, os fertilizantes e as substâncias químicas usadas na agricultura e na pecuária – todos esses elementos são ricos em nutrientes básicos, compostos de nitrogênio, carbono, ferro e fósforo, que alteram a composição química dos mares. Eles favorecem a proliferação de algas e bactérias que, em excesso, consomem boa parte do oxigênio da água, sufocam os corais, comprometem a cadeia alimentar dos oceanos e, por extensão, a sobrevivência dos animais.

As emissões de dióxido de carbono (CO2) pela queima de combustíveis fósseis também colaboram para a degradação dos mares. Parte dessas emissões vai para a atmosfera e forma o chamado efeito estufa. Outra parte vai parar nos oceanos e torna a água cada vez mais ácida. Para completar, os materiais plásticos lançados como lixo nos mares, que antes apenas enfeavam as praias, hoje são responsáveis pela morte em massa de pássaros que vivem nos litorais. "A composição química dos oceanos mudou mais rapidamente no século XX do que nos últimos 650.000 anos", disse a VEJA o oceanógrafo Richard Feely, do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), órgão do governo americano. A dimensão negativa dessas mudanças e o que se pode fazer para evitá-las são o assunto desta reportagem, que se concentra na análise de cinco pontos indicados pelos especialistas como os mais críticos.

A ÁGUA ESTA CADA VEZ MAIS ÁCIDA 
Tornou-se consenso que o dióxido de carbono (CO2) produzido pela queima de combustíveis fósseis é o responsável pelo aquecimento global. Menos conhecidos são seus efeitos nos oceanos, que absorvem boa parte do dióxido de carbono produzido pela ação humana. Quando o CO2 chega aos mares, o poluente se transforma em ácido carbônico, alterando o nível de acidez – o chamado pH – da água. Nas últimas décadas, o pH dos mares vem diminuindo a um ritmo cada vez mais acelerado. Os pesquisadores prevêem que, no fim deste século, caso se mantenha essa diminuição, o pH chegará a 7,9, o que tornará os oceanos vinte vezes mais ácidos do que hoje. Nesse cenário, muitos peixes e animais marinhos terão dificuldade para respirar. O sistema reprodutivo de algumas espécies também será afetado. Estudos feitos em laboratório com água apresentando pH de 7,9 mostram que, sob essas condições, as estruturas de alguns tipos de zooplâncton, compostas de carbonato de cálcio, são corroídas rapidamente – hoje, esse processo já ocorre, embora de forma lenta. Essa não é uma boa notícia, já que o zooplâncton é a base da cadeia alimentar de muitos peixes e mamíferos aquáticos. A acidez também ataca os corais, que se formam mais lentamente ou se deterioram, num fenômeno conhecido como branqueamento. Calcula-se que 60% dos corais do mundo já foram afetados pela diminuição do pH da água salgada.
Os especialistas suspeitam que o aumento da acidez dos oceanos terá outro efeito perverso – o de amplificar o aquecimento global. Os eocolitoforídeos, um tipo de fitoplâncton formado por carbonato de cálcio e também suscetível à acidez, brilham e refletem de volta para o céu parte dos raios solares que incidem sobre o mar. Sem eles, os raios não fariam o caminho de volta e o mar se tornaria mais quente. Através das eras geológicas, os oceanos sempre absorveram o excesso de CO2 da atmosfera, evitando o superaquecimento do planeta. Não fosse por eles, a temperatura da Terra teria aumentado 2 graus, em vez de apenas 1, no último século. Com o excesso de CO2 produzido pelo homem, eles hoje absorvem dez vezes mais esse gás venenoso. No próximo relatório do Painel Intergovernamental de Mudança Climática das Nações Unidas, a ser divulgado em 2007, a crescente acidez dos mares pela primeira vez será apontada como um problema grave.

CRESCE O NÚMERO DE ZONAS MORTAS 
Metade da população do globo mora e trabalha em regiões costeiras – calcula-se que 2.000 famílias se instalem diariamente em áreas próximas aos litorais. A ocupação dessas áreas faz com que um fluxo crescente de água doce contaminada por resíduos de insumos agrícolas, dejetos de gado e esgotos doméstico e industrial seja despejado nos oceanos. Todos esses materiais descartados são ricos em nutrientes, que favorecem a proliferação de algas de vários tipos. As algas são parte da vida marinha, mas, em excesso, transformam-se numa ameaça para todas as outras espécies vegetais e animais. Ao morrerem, elas se depositam no fundo do mar, onde são degradadas por bactérias. Quando há algas demais, a ação desses microrganismos consome a maior parte do oxigênio da água, fazendo com que todas as formas de vida entrem em colapso. O resultado são as zonas mortas, inabitáveis para a maioria das espécies, salvo organismos que vivem com pouco oxigênio, como algumas bactérias. Nos anos 50, havia no mundo três zonas mortas reconhecidas pelas entidades que estudam os oceanos. Hoje, existem 150 – uma delas no entorno da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.

O excesso de algas decorrente dos resíduos da ação humana também é mortal para os corais. Mesmo antes de se decomporem, as algas formam um escudo que bloqueia a luz do sol, fundamental para a sobrevivência dos corais. A ocupação acelerada, nas últimas décadas, de uma das regiões turísticas americanas mais conhecidas dos brasileiros, as Florida Keys, provocou um aumento tão intenso no lançamento de esgotos no mar que os quase 350 quilômetros de corais da região estão desaparecendo, vítimas de algas e de bactérias. Embora os recifes de coral cubram menos de 1% do solo dos oceanos, eles servem de abrigo para 2 milhões de espécies, ou 25% da vida marinha. "Cerca de 95% dos recifes de coral do mundo já não abrigam mais uma quantidade de peixes suficientemente variada e numerosa para mantê-los saudáveis", disse a VEJA John McManus, diretor do National Center for Caribbean Coral Reef Research, nos Estados Unidos.

ALGAS TÓXICAS MATAM OS SERES MARINHOS 
Os mamíferos marinhos são vistos pelos oceanógrafos como um bom indicador da saúde dos oceanos. Quando há alterações no comportamento ou no ciclo de vida desses animais, é porque algo vai mal no ambiente em que vivem. Na última década, mais de 14.000 focas, leões-marinhos e golfinhos apareceram mortos ou doentes nas praias da Califórnia. Muitos deles, examinados por veterinários e biólogos marinhos, mostravam evidências de envenenamento por toxinas produzidas por tipos de alga que recentemente encontraram condições propícias para se reproduzir de forma descontrolada. Os animais se intoxicaram ao comer sardinhas e anchovas que se alimentam dessas algas.

Uma das algas tóxicas mais comuns é a pseudonízschia, que produz ácido domóico, substância que afeta o sistema nervoso. Nos leões-marinhos, essa toxina provoca tremores, convulsões e comportamento agressivo. As fêmeas, normalmente dotadas de forte instinto maternal, agridem e chegam a matar seus filhotes logo após o nascimento. Estudos geológicos feitos no Golfo do México, onde desemboca o Rio Mississippi, mostram que a pseudonítzschia não existia no local até os anos 50. Nessa época, difundiu-se largamente o uso de fertilizantes químicos nas fazendas às margens do rio. Estudos atribuem aos fertilizantes, utilizados desde então, a multiplicação acelerada da alga. As mudanças climáticas também afetam a proliferação de algas tóxicas, fazendo com que elas se reproduzam em locais que antes eram muito frios para a espécie.

Outros tipos de alga tóxica que recentemente passaram a se reproduzir de forma descontrolada enfraquecem o sistema imunológico dos animais marinhos, tornando-os mais vulneráveis a parasitas, vírus e bactérias. No Havaí já foram encontradas tartarugas marinhas com tumores do tamanho de uma maçã em volta dos olhos, na boca e atrás das nadadeiras. Os tumores impedem as tartarugas de enxergar, comer e nadar.

AS MARÉS VERMELHAS SÃO MAIS FREQÜENTES 
Sempre que o verão começa, o Mar Báltico fica com a aparência de lama malcheirosa em partes do litoral da Suécia. Os peixes morrem e bóiam na superfície. Quem chega muito perto fica com os olhos ardendo e algumas pessoas têm dificuldade para respirar. Esses são alguns dos efeitos das marés vermelhas, como são chamadas as concentrações de algas tóxicas em águas próximas ao litoral. Até uma década atrás, no Golfo do México esse fenômeno acontecia em média a cada dez anos – hoje, ele ocorre todo ano e chega a durar meses. Marés vermelhas são sinal de oceanos doentes. Elas se devem a uma conjunção de fatores. Entre eles estão a destruição dos pântanos e manguezais próximos à costa e a poluição causada pelo assentamento humano cada vez mais intenso nas regiões litorâneas. Esse cenário diminui a quantidade de peixes e outras espécies marinhas que vivem junto à costa, abrindo caminho para a multiplicação das algas.

Algumas algas produzem toxinas que, além de matar os peixes, são levadas pela brisa marinha até a costa. Em seres humanos, as toxinas provocam incômodo pelo mau cheiro e causam desde reações alérgicas na pele até problemas respiratórios como bronquite e crises de asma. Durante as marés vermelhas, as toxinas produzidas pelas algas podem chegar à mesa do almoço, absorvidas por mexilhões, ostras e outros frutos do mar. A intoxicação por esses alimentos contaminados provoca infecções intestinais e até convulsões e desmaios.

As marés vermelhas também causam perdas financeiras às áreas afetadas. Em diversas regiões da China, onde o fenômeno vem acontecendo com maior freqüência, a pesca comercial fica suspensa enquanto duram as marés. Em regiões turísticas como a Flórida e a Califórnia, as reservas de hotéis são canceladas assim que os alertas de maré vermelha são divulgados.

O LIXO PLÁSTICO INVADE OS LITORAIS 
Há décadas os ambientalistas insistem que os materiais plásticos descartados no mar representam uma das maiores ameaças ao meio ambiente – para a maioria das pessoas, esse discurso parecia mais folclórico do que real. Pois bem, os ecologistas sempre tiveram razão. Cerca de 90% do lixo que bóia nos oceanos é formado por materiais plásticos. O programa ambiental das Nações Unidas estima que 46 000 peças de lixo plástico flutuam em cada 2,5 quilômetros quadrados dos oceanos. Desse total, quatro quintos chegam até o mar varridos pelo vento ou levados pela água da chuva, pelos esgotos e rios. Um quinto é lançado pelos navios.

O Atol de Midway, localizado próximo ao Havaí, simboliza o drama da poluição causada pelos plásticos. Situado no meio do Oceano Pacífico, ele recebe diariamente o entulho plástico trazido do Japão e da costa oeste dos Estados Unidos por duas correntes que convergem para suas praias. O lixo de Midway causa a morte de quase metade dos 500.000 albatrozes que a cada ano nascem na ilha. Os albatrozes alimentam os filhotes com pedaços de plástico, que confundem com comida. Tartarugas, focas e leões-marinhos também comem as peças plásticas, e muitos deles morrem por asfixia ou lesões internas.

Nem mesmo peixes de pequeno e médio portes escapam da praga dos plásticos. Muitas vezes eles ingerem os pellets – como são chamadas as pequenas bolinhas plásticas com 1 centímetro de diâmetro –, usados pela indústria para produzir os mais variados objetos. Além de poluírem as praias, os pellets podem absorver substâncias tóxicas que não se dissolvem facilmente na água e afetar o ciclo reprodutivo dos peixes. Eles estão presentes também na costa brasileira. "Já encontrei pellets em Santos, em Ubatuba e no Guarujá", diz Alexander Turra, biólogo do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo.
Leoleli Camargo,
Revista Veja

PERSPECTIVAS NUCLEARES APÓS DESASTRE EM FUKUSHIMA


O desastre na Usina Nuclear de Fukushima Daiichi no nordeste do Japão chamou mais uma vez a atenção sobre a segurança da energia nuclear. O desastre irá criar reações em diferentes graus, de critérios mais severos de segurança (que subirão os preços de construção e diminuirão a aprovação de usinas) até mais resistência política e pública para o uso da energia nuclear. Mesmo assim, a energia nuclear aparenta continuar como uma parte significante do total global de produção energética, uma vez que as alternativas com maior viabilidade fazem com que a dependência em relação a combustíveis fósseis poluentes cresça. A China, em particular, está preparada para expandir sua indústria nuclear de forma massiva na próxima década. Ainda que a escala desses planos não pareça realista, em termos do conjunto global, o crescimento do poder nuclear na China irá, parcial ou integralmente, equivaler aos fechamentos e suspensões de usinas nos outros lugares.
Antes de acontecer o desastre japonês, a energia nuclear parecia prestes a um renascimento cauteloso. O setor é responsável por perto de 14% da geração global de energia. Suas principais vantagens são que esse tipo de usina possibilita uma energia mais barata quando estão construídas e funcionando (tirando os altos custos iniciais) e não produz emissões de carbono. A energia nuclear é atraente também para países altamente dependentes da importação de hidrocarbonetos, e para aqueles com demanda de potência com crescimento acelerado e que não são inteiramente abastecidas com a energia fóssil, apenas. Japão e Coreia do Sul, ambas consumidores entusiastas da energia nuclear, caíram na primeira categoria. Antes do desastre de 11 de março invalidar os reatores de Fukushima Daiichi e forçar o desligamento de tantos outros, o Japão tinha 54 usinas operáveis de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), atrás somente dos Estados Unidos (com 104) e da França, com 58. Esse tipo de energia foi responsável por 27% do total da energia gerada pelo Japão em 2010. A Coreia do Sul tem menos usinas em operação – 21 no total – mas isso gerou 33% da eletricidade do país ano passado.
A segunda categoria de países para os quais a energia nuclear manteve sua atratividade é daqueles de crescimento e desenvolvimento acelerado como China e Índia. Em ambos, a combinação de fatores, como uma população massiva, crescimento econômico acelerado e uma grande dependência em carvão, fez com que as autoridades encarassem a energia nuclear como uma maneira de elevar a segurança energética e combater a poluição do ar. O carvão continua sendo o principal combustível em ambos os países, mas reduzir sua parcela na geração de potência surgiu como um elemento-chave para políticas energéticas. Ambos os países tem planos ambiciosos para construção de usinas nas próximas décadas.
Por alguns cálculos, a China deve ter sua capacidade de geração de energia nuclear expandida para 70 gigawats (gw) em 2020, um crescimento de sete vezes da capacidade atual, e para monstruosos 400 gw em 2050. Outros 27 reatores estão em construção de acordo com dados da AIEA, e, perto de 2020, o país deve ter 75 reatores operando, número bastante superior em relação aos 13 atuais. A Índia, enquanto isso, planeja crescimento de 4,6 gw em 2009 para 40 gw em 2030. O capital político que o governo de Manmohan Singh, primeiro ministro indiano, investiu ao assegurar pacto de cooperação com os EUA em 2008, sublinha a determinação do governo em desenvolver o setor nuclear. A Índia já tem 20 reatores nucleares em operação e o acordo (que abre caminho para o crescimento de negócios atômicos com outros países aprovados) possibilita o acesso da Índia a tecnologias e materiais indispensáveis para seus planos de expansão.
Saída global
O que exatamente os recentes eventos no Japão significarão para a indústria global permanece sem clareza. O esperado era que aumentasse a visibilidade e foco na questão da segurança, mas no mundo em desenvolvimento em particular a necessidade causada pela crescente demanda de energia ultimamente parece superar tais preocupações. A China, por exemplo, foi rápida em fazer simbólicas manifestações sobre a sua necessidade de se aproximar devagar e cuidadosamente da aprovação e construção de suas estações nucleares. The Economist acredita que isso não altera a, acima de tudo expansiva, política chinesa. Um comunicado oficial do Conselho de Eletricidade Chinês anunciou no final de março que a meta de 2020 será abaixada em 10 gw. Como a China irá batalhar para alcançar a meta de qualquer maneira, isso não fará muita diferença. As principais dificuldades da expansão nuclear chinesa são relativas à capacidade técnica, assim como aumentar as reservas de urânio, encontrar engenheiros competentes suficientes e simplesmente administrar um número tão alto de projetos complexos. Os problemas no Japão acabaram fornecendo às autoridades chinesas uma justificativa conveniente para abaixar suas expectativas para um nível mais atingível.
Em outras partes do mundo, o impacto do incidente de Fukushima Daiichi nas perspectivas da indústria nuclear parecem estar misturados. O Japão está, seguramente, na posição mais difícil. Isso não só porque o desastre desligou usinas térmicas e nucleares que significavam uma porcentagem grande ta capacidade de geração total. Também foi porque as opções de energia não nuclear são muito limitadas. A habilidade japonesa de produzir sua própria energia será muito diminuída na ausência da produção atômica. Ironicamente, a crise em Fukushima Daiichi pode dificultar politicamente a aprovação para novos reatores que o país precisa, agora mais do que nunca. Maior importação de carvão e óleo, em particular, será necessária para acertar a questão energética até que a situação nuclear se torne mais clara.
A maioria dos grandes usuários da energia nuclear – Estados Unidos, França, Rússia e Reino Unido – estão se agarrando, de diferentes maneiras, com o mesmo problema essencial de possuir reatores velhos que precisam ser substituídos. A extensão de quais precauções com segurança representarão um obstáculo para o processo de melhoramento parece variar. A França anunciou uma revisão da segurança, mas o país seguramente está muito comprometido com a energia nuclear, que representa 77% da geração, para mudar de curso dramaticamente. Também há um consenso antigo de todos partidos políticos em apoiar a energia nuclear. A crise japonesa pode até mesmo ter um efeito de consolidação para a indústria nuclear francesa, uma vez que mais compradores se disporão a pagar mais pela última geração de reatores, desenhada com mais acessórios de segurança. A Rússia, da mesma forma, parece pouco perturbada pelos eventos de Fukushima. Ela acaba de anunciar um acordo de US$ 9 bilhões para construir uma usina nova em Belarus e permanece como um destacado apoiador da energia nuclear. A própria Rússia planeja construir pelo menos 14 novas usinas nos próximos 20 anos. Pode parecer contraditório, dadas as grandes reservas de gás e petróleo que o país possui, mas o crescimento da participação da energia nuclear no total da eletricidade de 16% para 20% irá livrar o país para exportar mais combustíveis fósseis.
A oposição à geração nuclear de energia irá, de toda forma, crescer em muitos países, sobretudo no Oeste. Campanhas anti-nucleares utilizaram o incidente de Fukushima Daiichi como ilustração dos perigos da energia nuclear. A Alemanha, que possui um movimento ambiental forte, respondeu ao desastre no Japão suspendendo prontamente a operação de sete reatores. A Alemanha está tentando tornar-se mais aberta à energia nuclear novamente, mas planos para estender a vida operacional dos reatores mais velhos estão estagnados. Isso suscita questões sobre como a habilidade futura do país para alcançar as metas da União Européia de emissão de carbono – recentemente negociadas com grande esforço – e por extensão a credibilidade de toda estrutura de emissões da UE.
Atritos naturais também serão fatores-chave. De acordo com cálculos da The Economist, a Alemanha e o Reino Unido são os dois países que verão o maior declínio no número de reatores nucleares entre agora e 2020, incluindo a desativação de reatores mais velhos. Em 2023, apenas um entre os 19 reatores do Reino Unido existentes deverá estar funcionando. O último governo trabalhador da Inglaterra aprovou uma nova geração de usinas nucleares, mas ninguém sabe se politicamente será viável seguir com esse plano. O governo dos Estados Unidos, da mesma forma, sob a presidência de Barack Obama, se tornou apoiador da energia nuclear como forma alternativa dos combustíveis fósseis. Mas assim como na Inglaterra, a construção das usinas ocorreu há muitas décadas e há muitos anos não ocorre essencialmente nada de novo. Isso reflete tanto o prolongado processo de aprovação e (relativa) a dificuldade em encontrar financiamento seguro para projetos nucleares. Não menos importante, com mais de 100 reatores que representam 30% da energia nuclear gerada em 2010, o Estados Unidos permanece como o maior protagonista da indústria.
Rebalanceando

A resistência pública e política para a construção de novas usinas, ou a extensão das licenças de operação das usinas existentes, se prova significantemente forte como um resultado dos recentes eventos no Japão e, pelos nosso cálculos, o rebalanceamento parcial da capacidade nuclear do mundo em relação aos países em desenvolvimento que já era esperado, deve acelerar. Em 2010, segundo nossas estimativas, China e Índia juntas significaram 3,5% da geração de energia nuclear. Em nossas mais recentes projeções, esse valor pode subir para 13,6% em 2020.
Em geral, preocupações intensas sobre a segurança nuclear parecem ser deixadas para a revisão de estruturas reguladoras e no interesse crescente por outras fontes. Ambos são problemáticos. Regras de segurança nuclear mais rígidas – necessárias em muitos casos que enfrentam pouca transparência na regulação e fraca separação entre os reguladores e industriais – se somam aos altos custos iniciais e no longo tempo envolvido na construção de novas usinas. Isso pode enfraquecer a viabilidade econômica da energia nuclear. As alternativas incluem um melhor uso do gás natural, combustíveis fósseis não convencionais e renováveis. Mas o gás, ainda que mais barato e abundante do que o carvão e o petróleo, pode significar problemas em termos de emissão de carbono se ele substituir toda geração nuclear. O interesse em renováveis parece crescer, mas há limites para sua escalada. A não ser que essa imagem mude dramaticamente, qualquer abandono da energia nuclear irá criar mais problemas que soluções.

A AMAZÔNIA E A COBIÇA DO IMPERIALISMO


A Amazônia é um fato territorial sul-americano que, cobiçada como celeiro de riquezas, transpõe os limites do Pacto Amazônico (firmado em 3 de junho de 1978) e da América do Sul, transformando-se em fato geopolítico, logo espaço de intromissão imperialista. (A crise colombiana e a intervenção dos EUA não deixam dúvidas quanto a isso.) A principal nação a ser afetada pela cobiça imperialista é o Brasil, detentor da maior parte dela. Mas é exatamente este fato territorial, cuja virtualidade espacial e econômica pode nuclear a fundação de uma potência no hemisfério sul, o elemento central sobre o qual se voltam os interesses estratégicos do imperialismo norte-americano. Compactua com ele a avidez da Europa ocidental e do Japão, na doce ilusão de dividirem a riqueza amazônica, como se a superpotência lhes permitisse tamanha ousadia, para além das sobras supérfluas. (Talvez lhes conviesse mais que a Amazônia continuasse sul-americana e clandestina). Mas a estratégia norte-americana é outra. Aos EUA não convém confrontar-se com uma possível potência rival no espaço das Américas; este espaço eles o tem como exclusividade sua. Claro, não está em disputa um deserto inútil. Disputa-se um esplêndido território, cuja riqueza pode prolongar a supremacia mundial da Norte-América. A energia existente no subcontinente meridional é vital ao grande irmão. A posse colonial e a fragmentação territorial. Eis a estratégia do imperialismo para os seus espaços periféricos. A Amazônia e a América do Sul se enquadram nesta terrível lógica.
Para este fim serve a ideologia da Amazônia como patrimônio da humanidade; serve, também, a contínua ameaça – às vezes velada, às vezes explícita – da sua internacionalização. Para este propósito, criam-se mitos verdadeiros e fatos falsos. Ou falseiam fatos e justificam mitos, numa preparação dirigida da opinião pública, cooptada por uma mídia devidamente condicionada. Nesta onda, surfam "intelectuais" alienados. Tal se dá com as questões indígena e ambiental, com o narcotráfico e com a estória da "Amazônia pulmão do mundo", desvirtuando-lhe o sentido e o alcance, numa pretensa ignorância da função oxigenadora dos oceanos e mares..
Territorialmente a Amazônia corresponde a 1/20 da superfície terrestre, 2/5 do continente sul-americano, e mais da metade do território brasileiro. Além do Brasil, ela incorpora a Bolívia, a Colômbia, o Equador, a Guiana, a Guiana Francesa, o Peru, Suriname e a Venezuela. A Amazônia brasileira, que incorpora os estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Tocantins, o oeste do Maranhão e o norte do Mato Grosso, se considerada nos seus aspectos geodésicos e políticos, mede mais de cinco milhões de km², com uma população que não chega aos 20 milhões. Mas, esposando aqui a opinião do Almirante Gama e Silva, a verdadeira Amazônia brasileira tem cerca de 4,048 milhões de quilômetros quadrados, sendo 3,648 milhões ocupados por vegetação natural, e o restante ocupado por rios, lagos e usos institucionais ou diversificados.
A Amazônia possui 1/5 da água doce do planeta, 1/3 das florestas latifoliadas. Ambicionada a sua diversidade biológica. É o maior banco genético da Terra. Não se tem ainda conhecimento pleno da quantidade de espécies vegetais e animais que nela existem. Já se computaram milhares de espécies vegetais e uma quantidade maior ainda de espécies animais. Além da floresta, ela inclui matas de várzea, campos e cerrados. Calcula-se em mais de um trilhão de dólares o valor da madeira de lei que dela se pode extrair, valorizadas no mundo inteiro, principalmente com a previsão, para as próximas décadas, do esgotamento das florestas tropicais da Ásia e da África. Existe na Amazônia mais de 100 espécies de madeiras nobres. Apenas 10% são conhecidas no exterior. No entanto, na Amazônia, uma ocupação racional e cientificamente planejada encontrará uma natureza favorável à rápida regeneração da floresta. Na imensidão das suas águas, a produção pesqueira atual retira mais de 180 mil toneladas por ano. Isto numa Amazônia ainda praticamente inexplorada, permitindo estimar-se em mais de 300 mil toneladas/ano esse potencial.
Na Amazônia, está uma das maiores reservas mundiais de minerais estratégicos, cujo valor não se pode ainda dimensionar. Ouro no Pará, no Amazonas, em Roraima e no Amapá; ferro no Pará (serra dos Carajás), no Amapá, no Amazonas; sal-gema no Amazonas e no Pará; manganês no Amapá, no Pará e no Amazonas; bauxita no Pará (Oriximiná, no rio Trombetas e em Tucuruí), além de calcário, casseterita, gipsita, linhita, cobre, estanho, nióbio, tântalo, zircônio, criolita (usada como fundente na eletrólise do alumínio), caulim, diamante, chumbo, níquel. De vários destes minérios, o Brasil possui as maiores jazidas do mundo, estando, nos demais entre as maiores reservas.
Resumindo: sobre o rico potencial amazônico, não faltam hoje estudos sérios. Desta forma, passo batido sobre o seu potencial petrolífero e sobre a existência de material radioativo, para a combustão nuclear, como o tório. Contudo, não posso omitir três questões que as julgo estratégicas para a geopolítica do século XXI: a era dos carboidratos que substituirá a era dos hidrocarbonetos, esta já em processo de declínio acelerado; a imensidão amazônica como o maior "vazio" geográfico que, apesar do clima quente e úmido, pode ser imediatamente ocupado, somando-se a isso o fato, nada desprezível, de que a Amazônia dispõe de quase 2,5 milhões de km² de terras propícias para a agricultura – 8% das disponibilidades mundiais. (Estudo sobre a produção mundial de alimentos, promovido pelo Governo dos EUA em 1967 – "The World Food Problem"); e a localização estratégica como núcleo de integração da América meridional, tanto para a unidade política da América Latina, quanto para a centralização de um poder imperial em novo processo colonial do subcontinente.
Todavia, para impedir a biopirataria e a exploração predatória de grupos clandestinos ouconsentidos e de empresas estrangeiras lá instaladas, (mais de duas dezenas, quase todas asiáticas), cuja ação devastadora é cinicamente ignorada pelo Governo, os brasileiros precisam ocupar racionalmente a Amazônia, através de um planejamento estratégico, metódico, para obstar, não só a sua devastação, mas, também, para impedir que ela escape ao seu domínio. Povo que não sabe usufruir da riqueza que possui, acaba vendo-a devastada e surrupiada por estranhos.
Ninguém desconhece a grande dependência que os países desenvolvidos têm do petróleo. Embora as reservas mundiais, hoje estimadas em um trilhão de barris, possam garantir o abastecimento, ao ritmo atual de consumo, por mais quatro ou cinco décadas, independentemente de novas descobertas, a verdade é que a maior parte destas reservas não se localiza no território dos países centrais. Os EUA já importam aproximadamente 60% do petróleo que consomem. No ritmo atual, as reservas ainda existentes no seu subsolo terminarão na próxima década, passando a depender totalmente do petróleo importado, ainda que, no futuro, este combustível perca importância graças ao desenvolvimento tecnológico, rumo a novas fontes de energia.
Porém, não apenas de petróleo depende o desenvolvimento dos países ricos. Eles têm uma dependência, praticamente vital para continuarem ricos e formosos, de uma enorme quantidade de minérios, sem os quais a sua economia industrial desmorona.
A dependência dos países, assim chamados, desenvolvidos.
Minérios/BlocosEUAUEJapão
em %



Nióbio
100
100
100
Manganês
98
100
100
Alumínio
91
97
100
Tântalo
91
100
100
Estanho
82
80
85
Zinco
57
57
48
Mica
100
83
100
Cobalto
97
100
100
Cromo
91
97
99
Platina
91
100
98
Níquel
70
87
100
Tungstênio
52
87
75
Antimônio
51
91
100
Cobre
13
80
80
Fosfatos
01
99
100
Vanádio
42
100
100
Chumbo
13
44
47
Molibdênio
--
100
99
Como representante da Trilateral, em 1979, Henry Kissinger, evidenciava essas carências: "Os países industrializados não poderão viver à maneira como existiram até hoje, se não tiverem à sua disposição os recursos naturais não-renováveis do planeta. Para isso, terão que montar sistemas mais requintados e eficientes de pressões e constrangimentos, que garantam a consecução de seus objetivos."
Eis porque a Amazônia transformar-se-á, no século XXI, numa das principais regiões do planeta, cuja exploração sustentará um novo ciclo de desenvolvimento.
Até a definição das fronteiras brasileiras, concluída no início deste século, França e Inglaterra procuraram ampliar seus espaços na Amazônia às custas do Brasil. Porém, notório foi o interesse dos EUA no século XIX, em razão mesmo da sua política expansionista que incorporou pelas armas partes do México e comprou da Rússia o Alasca. Famosa foi a campanha deflagrada por um oficial da Marinha norte-americana, o Tenente Matthew Fontaine Maury, que, afirmando ser a Amazônia parte do complexo geográfico formado pelo Golfo do México, como uma extensão natural do Mississipi, defendia que a América meridional devia transformar-se numa dependência dos EUA. "O mundo amazônico" – pregava o Tte. Maury, que chefiava o Serviço Hidrográfico da Marinha norte-americana – "é o paraíso das matérias primas, aguardando a chegada de raças fortes e decididas para ser conquistado científica e economicamente." Como conseqüência dessa campanha, em 1853, o Governo dos EUA enviava ao Congresso uma mensagem com uma referência à Amazônia: "uma região que, se aberta, à indústria do mundo, ali se achariam fundos inexauríveis de riquezas." Não faltaram, então, pressões sobre o Império para que este abrisse o rio Amazonas à livre navegação internacional. O Imperador não cedeu. A Guerra civil norte-americana retirou, na ocasião, a questão amazônica da pauta expansionista dos EUA.
Na década de 40, a tentativa de criação de um Instituto Internacional da Hiléia Amazônica, inspirado pelo professor Berredo Carneiro e que seria integrado basicamente pelas nações sul-americanas com interesses diretos na Amazônia, para estimular a sua exploração científica, inviabilizou-se na luta ideológica que o envolveu, tendo então sido visto como um instrumento de internacionalização do território amazônico.
Vinte anos depois, foi a vez do Hudson Institute lançar o projeto dos "Grandes Lagos" para a produção de energia elétrica e para a navegação. Segundo o Cel. Manoel Teixeira Pires, este projeto iria representar uma autêntica variante ao canal do Panamá para ser utilizado pelos EUA. Na época, o governo brasileiro frustrou o projeto.
Com o fim da guerra fria, as pressões retornaram. Em 1989, numa reunião do G-7, à qual o Pres. Sarney compareceu como convidado, foi ele instado a ceder direitos para que os países ricos pudessem explorar economicamente a Amazônia. Se a concessão fosse dada, a posse dos recursos acabaria traduzindo-se na posse do território.
Em 1989, o então senador e hoje candidato à Presidência dos EUA, afirmava solenemente: "Os brasileiros pensam que a Amazônia é deles. Não é. Ela pertence a todos nós." Mais recentemente, a mesma afirmação reproduziu-a outro senador (Kasten), que acrescenta: "assim como o ozônio, as chuvas, o oxigênio, etc., a Amazônia deve pertencer a todos." Em 83, Margareth Thatcher havia sido mais enfática: "Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas." Também Mitterand, em 89, afirmava: "O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia." Até Gorbatchev, em 1992, julgou-se com o direito de afirmar: "O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes." John Major, então primeiro-ministro da Inglaterra: "As nações desenvolvidas devem estender os domínios da lei ao que é comum de todos no mundo. As campanhas de ecologistas internacionais a que estamos assistindo, o passado e o presente, sobre a região amazônica, estão deixando a fase propagandística, para dar início a uma fase operativa que pode definitivamente ensejar intervenções militares diretas sobre a região."
Mais grave porém, porque está diretamente ligado aos interesses do imperialismo estadunidense, cuja estratégia é a incorporação colonial "definitiva" da América Latina ao seu contexto geopolítico, são as afirmações do Gal. Patrick Hugles, chefe do Órgão Central de Informações das Forças Armadas norte-americanas: "Caso o Brasil resolva fazer uso da Amazônia, pondo em risco o meio ambiente nos Estados Unidos, temos que estar prontos para interromper este processo imediatamente." Ao que a senhora Madeleine Allbright complementa: "quando as questões são de meio ambiente, não existem fronteiras." E a história nos ensina: quando um Estado poderoso precisa de um pretexto para intervir em outro Estado, qualquer pretexto serve. Esta lógica confere com a estratégia do Pentágono, divulgada pelo The New York Times (10/3/92), cujo objetivo é impedir o surgimento de uma potência militar fora da OTAN. Em 1995, o Chefe do estado-maior Conjunto, Gal. Collin Powell, recomendava a preservação da capacidade militar norte-americana em nível tal que desencorajasse o surgimento de qualquer adversário que pudesse desafiar o poderio norte-americano. E reservava uma posição subalterna para as forças armadas dos países latino-americanos.
Ora, opiniões são simples manifestações de pensamentos. Nem sempre se transformam em fatos. Mas, o imperialismo possui uma lógica que não pode ser ignorada: para os EUA continuarem hegemônicos e manterem o seu gigantesco potencial bélico, a energia interna do seu território já não basta. Eles precisarão absorver a energia das nações que lhes são subalternas. Enquadra-se nisto a América do Sul e, naturalmente, a Amazônia.
A British Petroleum/Brascan é o maior grupo estrangeiro que atua na Amazônia, detendo 174 mil km², ou 13% do subsolo reservado da Região Amazônica. Território equivalente aos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina. Um estudo do CNPq mostra a presença de empresas multinacionais na exploração mineral, concentradas na "chamada área reservada", controlando cerca de 40% do subsolo dessa área da Região Amazônica, equivalendo a 367 mil km². 98% desta área está em poder de apenas 17 grandes grupos, ou seja, suficientemente poderosos para influenciarem as decisões políticas nacionais e para terem na sua retaguarda seus respectivos Estados nacionais.
Não vou falar das centenas de ONGs que atuam na Amazônia, sob os mais diferentes pretextos e interesses – menos os dos brasileiros, evidentemente. (Como diria o Pe. Antônio Vieira: eles não querem o nosso bem; eles só querem os nossos bens). Citarei apenas o Conselho Mundial de Igrejas Cristãs (1981): "A Amazônia total... é considerada por nós como um patrimônio da humanidade. (...) É nosso dever (...) esgotar todos os recursos que, devida ou indevidamente, possam redundar na defesa, na segurança e na preservação desse imenso território e de seres humanos que o habitam e que são patrimônio da humanidade, e não patrimônio dos países cujos territórios pretensamente dizem lhes pertencer."
E tem brasileiro que incorpora essa lorota, sem se perguntar: por que  a nossa Amazônia deve ser "patrimônio da humanidade", e não a Terra toda, hoje monopolizada economicamente por três ou quatro centenas de corporações mundiais e "privatizada" como patrimônio de alguns poucos milhares de indivíduos poderosíssimos, sobrepostos aos bilhões de homens e mulheres que mal vegetam ? Por que só o território amazônico deve ser internacionalizado, e não o território dos EUA que controlam a economia do mundo e concentram a maior parte da sua riqueza? Por que não o território culto da Europa ocidental, berço do imperialismo contemporâneo? No atual sistema de dominação mundial, a quem beneficiaria uma "pretensa" internacionalização da Amazônia?
A questão colombiana, onde a presença dos Estados Unidos já é notória, traz-nos à lembrança – com o sinal trocado – o ocorrido há 150 anos na China, com a chamada Guerra do Ópio, quando a Inglaterra, atendendo aos traficantes ingleses que monopolizavam aquele comércio, atacou a China, e, com duas guerras saqueou o "celeste império", abrindo-o para o livre comércio do Ocidente, sobretudo para o imperialismo inglês estabelecer a sua base em Hong Kong. Na ocasião, a rainha Vitória teria declarado que, se estivesse no lugar do Imperador da China, também proibiria o tráfico de ópio. Porém, era fundamental que a Inglaterra defendesse o "livre comércio", sem o qual ela não sobreviveria, atribuindo-se à rainha a seguinte conclusão: "o país" – europeu, evidentemente – "que tivesse sob seu controle a China, não só controlaria todo o Oriente, como tornar-se-ia a nação hegemônica do século XIX". As palavras podem não ter sido exatamente estas, mas a história corresponde a elas.
Ora, correndo, embora, o risco da comparação exagerada, ouso afirmar que a potência que tiver sob seu controle a Amazônia, terá não apenas o domínio de toda a América meridional, como obterá dela os recursos naturais para sustentar-se como a hegemonia absoluta do século XXI.
Os que tencionam alienar a Amazônia, que preço lhe atribuiriam? Alguns patriotas convictos declaram que ela é parte inseparável do Brasil, logo ela é inalienável. O seu preço custaria o sangue dos que tentarem disputá-la.
No entanto, não preservaremos brasileira a nossa parte amazônica, se não preservarmos o Brasil como nação independente, capaz de transformar-se numa potência singular, núcleo forte de uma integração democrática dos povos latino-americanos.

ORIENTE MÉDIO: CONFUSÃO TOTAL ENTRE EUA E ALIADOS


Nos últimos 50 anos, a política dos Estados Unidos no Oriente Médio foi construída a partir de estreitos laços com três países: Israel, Arábia Saudita e Paquistão. Em 2011, essa política apresenta diferenças significativas com esses três países. Além disso, tem divergências públicas com Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, China e Brasil acerca de suas atuais políticas na região. Parece que quase ninguém concorda com os Estados Unidos nem segue sua linha. É possível ouvir a frustração do presidente dos EUA, do Departamento de Estado, do Pentágono e da CIA, que percebem que a situação está fugindo do seu controle.

Por que os EUA criaram essa aliança tão estreita com Israel é um assunto de muito debate. Mas é visível que nos últimos anos essa relação vem se tornando cada vez mais tensa. Israel conta com a ajuda financeira e militar dos EUA e com seu veto sempre fiel no Conselho de Segurança da ONU. O que ocorreu agora é que tanto os políticos israelenses como sua base de apoio nos EUA se moveram de forma constante para a direita. Israel se mantem firme em duas coisas: as eternas demoras para estabelecer negociações sérias com a Palestina e a esperança de que alguém bombardeie os iranianos. Obama tem se movido na direção oposta, pelo menos até onde permite a política interna estadunidense.

As tensões são fortes e Netanyahu está rezando, se é que reza, para que haja uma vitória republicana em 2012. No entanto, o momento da crise pode vir antes disso, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas votar pelo reconhecimento da Palestina como estado membro. Os EUA se encontrarão em uma posição perdedora, ao lutarem contra isso.

A Arábia Saudita vem tendo uma confortável relação com Washington desde que o presidente Franklin Delano Roosevelt se reuniu com o rei Abdul Aziz em 1945. Eles foram capazes de controlar a política petroleira em todo o mundo. Colaboraram em assuntos militares e os Estados Unidos contaram com os sauditas para manter sob controle os regimes árabes. Mas agora o regime saudita sente-se bastante ameaçado pela segunda revolta árabe. Ficou muito contrariado pela aprovação da derrubada de Mubarak e pelas críticas estadunidenses – por mais leves que tenham sido – à intervenção saudita no Bahrein. As prioridades dos dois países são agora bastante diferentes.

Na era da Guerra Fria, quando Washington considerava que a Índia estava muito próxima da União Soviética, o Paquistão obteve o respaldo pleno dos EUA (e da China), sem importar que regime estivesse no poder. Trabalharam juntos para apoiar os mujahedins no Afeganistão e forçaram a retirada das tropas soviéticas. É de se supor que trabalharam juntos para impulsionar o crescimento da Al-Qaeda. Duas coisas mudaram. Na era pós-Guerra Fria, os EUA desenvolveram relações muito mais cordiais com a Índia, para frustração do Paquistão. Além disso, Paquistão e EUA estão em forte desacordo acerca de como manejar a sempre crescente força da Al-Qaeda e dos talibãs no Paquistão e no Afeganistão.

Um dos principais objetivos da política externa dos EUA desde o colapso da União Soviética tem sido evitar que os países europeus desenvolvam políticas autônomas. Mas agora os três principais países europeus – Inglaterra, França e Alemanha – estão desenvolvendo suas próprias políticas. Nem a linha dura de George W. Bush nem a diplomacia mais suave de Barack Obama parecem ter diminuído o ritmo desta tendência. O fato de que França e Inglaterra peçam agora aos EUA para assumir uma liderança mais ativa na luta contra Kadafi e o fato de a Alemanha dizer mais ou menos o oposto é menos importante que o fato de que os três estão dizendo estas coisas em voz alta e forte.

Rússia, China e Brasil jogam todas suas cartas em termos de suas relações com os EUA. Nos dias que correm, esses três países se opõem a quase todas as posições estadunidenses. Podem não ir às últimas consequências (não fazem uso de seu veto no Conselho de Segurança, no caso dos dois primeiros) porque os EUA ainda têm garras que pode utilizar. Mas certamente não estão cooperando. O fiasco da recente viagem de Obama ao Brasil, onde pensou que podia iniciar um novo enfoque com a presidenta Dilma Rousseff – e não conseguiu – mostra a pouca influência que os EUA têm na atualidade.

Por fim, a política interna dos EUA também mudou. A política externa bipartidária converteu-se em memória histórica. Agora, quando Washington vai à guerra com a Líbia, as pesquisas de opinião mostram apenas 50% de respaldo por parte da população. E os políticos de ambos partidos atacam Obama por ser demasiado “falcão” ou demasiado “pomba”. Todos tentam tirar algum proveito com essas críticas. Isso pode fazer com que o presidente Obama se veja forçado a aumentar o envolvimento estadunidense em toda a região, exacerbando as reações negativas de todos os que, alguma vez, foram aliados.

É bem conhecido que Madeleine Albright disse que os Estados Unidos eram a nação indispensável. Segue sendo ainda o gigante do cenário mundial. Mas é um gigante torpe, inseguro sobre onde vai e como faz para ir. A medida da decadência estadunidense é o grau no qual seus antigos aliados mais próximos estão prontos para desafiar seus desejos e dizê-lo de forma pública. A medida da decadência estadunidense é expressa também pelo grau no qual não se sente capaz de expressar em público o que está fazendo e insistir que, na verdade, tudo está sob controle. O fato é, por exemplo, que os EUA tiveram que aportar uma grande soma em dinheiro para tirar da prisão um agente da CIA no Paquistão.

As consequências disso tudo? Muito mais anarquia global. Quem se beneficia desse quadro? Até o momento, essa é uma questão que permanece muito aberta.
Immanuel Wallerstein 
Tradução: Katarina Peixoto
La Jornada, 24 de abril de 2011

Por dentro do Capitalismo

O capitalismo, ao longo do processo histórico, apresentou três estágios, que seriam o capitalismo comercial, industrial e financeiro.

O capitalismo comercial estruturava-se na circulação de mercadorias. Entre os Séculos XVI e XVIII, a divisão internacional do trabalho apresentava-se polarizada pelas potências comerciais européias, e a periferia preenchida pela Ásia, África e América, formando uma rede de fluxos mundial.

O capitalismo industrial estruturava-se na produção de mercadorias. No Século XIX, a Inglaterra (nação pioneira neste processo) e a Europa Ocidental foram abarcadas pelo processo de Industrialização e uma nova divisão internacional do trabalho foi gerada.

O capitalismo financeiro estrutura-se nos mercados de capitais. No Século XX, a união entre o capital bancário e a indústria, particularmente após a 2ª Guerra Mundial, levou a formação de uma nova divisão internacional do trabalho.
Magnoli (2002), apoiado em Arrighi (1996), defende o conceito de ciclos sistêmicos, como se pode observar na passagem:

“Os quatro ciclos arrighianos são denominados a partir dos componentes centrais do sistema: Gênova, Holanda, Grã-Bretanha e EUA. O ciclo genovês estende-se entre o Século XV e o início do Século XVII; o ciclo holandês, entre o fim do Século XVI e o Século XVIII; o ciclo britânico, entre o fim do Século XVIII e o início do Século XX; o ciclo americano, desde o final do Século XIX” (p. 57).

Neste trabalho, o escopo nos restringe a análise do denominado ciclo americano. O grande evento que possibilitou a consolidação do ciclo americano trata-se da Conferência de Bretton Woods. A transição do padrão ouro para o padrão dólar foi um evento relevante na formação efetiva da hegemon dos EUA. De acordo com Magnoli (2002):

“Entre 1850 e 1914, o fluxo de capitais britânicos para os Estados Unidos – em investimentos e empréstimos – somou 3 bilhões de dólares. Neste período, os EUA remeteram à Grã-Bretanha, como pagamento de juros e dividendos, cerca de 5 bilhões de dólares. Contudo, durante a Primeira Guerra Mundial, a demanda britânica por armamentos, matérias-primas e bens-de-capital foi suprida, parcialmente, pelos Estados Unidos. Como resultado, no final do conflito, a república americana tinha se tornado credora da Grã-Bretanha. Além disso, durante a guerra, os investimentos americanos tinham tomado o lugar dos britânicos na América Latina e em parte da Ásia” (p. 60).

O período de 1901-1950, de acordo com Hobsbawn, conhecido como “Era da Catástrofe” foi ajustado a partir da Conferência de Bretton Woods. De acordo com Mattos (1998):

“As negociações de Bretton Woods representam o triunfo de coordenação e planejamento sobre os ideais do Laissez faire, que tinham sido hegemônicos até o período da Grande Depressão do entre-guerras” (p. 45).

Após a 2ª Guerra Mundial, os EUA detinham 70% das reservas internacionais de ouro, o que legitimou as decisões tomadas em Bretton Woods.

A Conferência de Bretton Woods (1944) determinou que o dólar a partir de então se tornava a moeda-referência para as reservas financeiras dos países e nas trocas comerciais. Destaca-se que até a URSS utilizou o dólar como moeda de reserva das suas riquezas.

A Conferência consolidou a Hegemon dos Estados Unidos, dentro da perspectiva da Teoria da Estabilidade Hegemônica do Capitalismo. A Hegemon apresentava-se relacionada aos aspectos industrial, militar e financeiro.

Bretton Woods teve o representante da Inglaterra (Sir. Keynes) e o representante dos EUA (Dexter White) formulando hipóteses para a continuidade e crescimento das políticas econômicas internacionais. De acordo com Mattos (1998):

“O principal ponto a unir a concepções de Keynes e White era, fundamentalmente o reconhecimento da falência de forças de livre mercado em sustentar o crescimento econômico e, portanto, a necessidade de criação de uma nova ordem financeira internacional que pudesse disciplinar os movimentos de capitais, a paridade entre moedas e os fluxos internacionais de bens (e serviços). Os mecanismos criados deveriam evitar os dois principais efeitos disruptivos da ordem econômica mundial vigente no entre-guerras, a saber, a extrema mobilidade de capitais entre países e a adoção de recorrentes desvalorizações cambiais competitivas entre os países, como recurso desesperado de defesa contra a depressão econômica que se abatera sobre a maioria deles nas décadas de 20 e 30” (p. 46).

No entanto, os economistas divergiam em alguns aspectos. White propôs a criação de um Fundo de Estabilização, que deveria oferecer recursos para os países, garantindo a reconstrução. Keynes defendeu a criação do Clearing Union, um Banco Central internacional, que seria o responsável pela emissão de moedas que serviriam como referência internacional. O economista inglês tinha temor que a deflação dos anos 20 e 30 voltasse a atuar. Destaca-se também que Keynes buscava desconcentrar a hegemonia dos EUA.

Mattos (1998) analisando a função das organizações supranacionais sinaliza que: “o problema do FMI não é o seu poder excessivo, mas sua deplorável submissão ao poder e aos interesses dos EUA” (p. 48).

As principais conseqüências de Bretton Woods foram a utilização do padrão dólar (US$ 35 por onça de ouro), a paridade fixa entre moedas (- 10% < X < 10%), atingindo este patamar máximo, para mais ou para menos, apenas com o consentimento do FMI.

Bretton Woods oficializa o duplo papel do dólar no cenário internacional, a atuação como reserva monetária e a função de moeda de crédito.

Outro mecanismo do pós-guerra foi o Plano Marshal (1948-52). De acordo com Mattos (1998):
“A construção promovida pelos recursos transferidos pelo Plano Marshall baseou-se fundamentalmente na recuperação dos mercados internos dos países, embora tenha sido bastante considerável a expansão do comércio internacional neste período” (p. 51).

Após a 2ª Guerra Mundial, nota-se a atuação das organizações supra-nacionais recém-criadas. Estas possuíam o papel de promover o crescimento econômico. E conseguiram atingir tal êxito.

O período de 1949-1973 ficou conhecido como os “anos dourados” do capitalismo, um período de exceção da História do Capitalismo, pois se visualizou todos os benefícios que este modelo pode apresentar em detrimento da suavização de seus problemas estruturais.

O ciclo virtuoso dos anos dourados se estruturou a partir da sinergia entre os aumentos de produtividade, dos salários reais e da geração de empregos. Mattos (1998) define os anos dourados como:

“a associação de fatores técnico-produtivos (oligopolização dos mercados, ganhos de escala, investimentos frente à demanda, preços rígidos à baixa, rentabilidade e produtividade crescente nos setores líderes, vendas em ascensão) com fatores políticos (salários reais crescentes, definidos no âmbito das negociações coletivas entre capital e trabalho), fatores sociais (Estado transferindo renda para os excluídos do mercado de trabalho organizado e investido na área social) e institucionais (moeda-crédito internacional estável e abundante) gerou um ciclo virtuoso de crescimento durante mais de vinte anos, com maior intensidade ainda nos países que estavam fazendo o ‘cathing up’” (p. 54).

No final dos anos 60, as medidas de Bretton Woods perdiam valor paulatinamente. Este período de agitação recebeu o nome de “Dilema de Triffin”, que de acordo com Mattos (1998):

“A expansão da liquidez internacional estaria limitada pela perda de confiança dos agentes econômicos na conversibilidade do dólar em ouro, dada a crescente desproporção entre as reservas em dólar dos paises e os estoques americanos em ouro” (p. 57).
As duas décadas após Bretton Woods foram marcadas pelo destacado desenvolvimento industrial e a formação de uma sociedade de consumo de massa nos países europeus e no Japão.

Em agosto de 1971, o presidente dos EUA Richard Nixon finaliza a conversibilidade do dólar em ouro. Destarte, o dólar desaparece do cenário econômico como agente do sistema monetário internacional. E esta medida de Nixon demonstrou o poder do dólar, pois este se manteve como moeda-referência internacional.

A concorrência com a produção japonesa e alemã vem apresentando entraves na economia dos EUA. Para Mattos (1998):
“O déficit da balança comercial dos EUA é uma demonstração de desgaste da economia americana e mais um impulsionador da perda de credibilidade da moeda americana como referência de valor das reservas de diversos países” (p. 59).
O desmantelamento do modelo fordista mina a continuidade dos anos dourados. Mattos (1998) diz que:

“Muitos acordos coletivos deixaram de ser renovados e os salários, diante da nova realidade, deixaram de ser vistos como fonte de demanda global e passaram a ser encarado como custo pelas empresas. Esta reversão da expectativa e as mudanças de mentalidade, geradas pela nova conjuntura, representaram a falência da perspectiva ‘keynesiana’ que predominou durante os ‘anos dourados’” (p. 60).

Há a importância em diferenciar os capitalistas dos Estados Nacionais. De acordo com Harvey (2005):
“Em primeiro lugar, as motivações e os interesses dos respectivos agentes divergem. O capitalista que dispõe de capital financeiro deseja aplicá-lo onde quer que possa haver lucro, e tipicamente busca acumular mais capital.

Os políticos e homens de Estado buscam tipicamente resultados que mantenham o aumentem o poder de seus próprios Estados diante de outros Estados.

O capitalista procura vantagens individuais (embora de modo geral sujeito a restrições legais) só é responsável perante seu círculo social imediato, ao passo em que o homem de Estado procura vantagens coletivas, vendo-se restringido pela situação política e militar de seu Estado, sendo em algum sentido responsável perante uma comunidade de cidadãos ou, o que é mais freqüente, perante um grupo da elite, uma classe, uma estrutura de parentesco ou algum outro grupo social.

O capitalista opera no espaço e tempo contínuos, enquanto o político opera num espaço territorializado e, ao menos nas Democracias, no âmbito de uma temporalidade ditada por um ciclo eleitoral.

Por outro lado, as empresas capitalistas vêm e vão, mudam de localização, se fundem entre si ou encerram as operações, mas os Estados são entidades de vida longa, não podem migrar e, exceto em circunstâncias excepcionais de conquista geográfica, estão confinados a fronteiras territoriais fixas” (p. 32).
No entanto, os capitalistas devem acompanhar as decisões tomadas pelos Estados. A estrutura monetária e fiscal, dentre outras medidas que caracterizam o poder do Estado, formam o cenário de acumulação de capital.

Arrighi (1996) apud Harvey (2005) diferencia também o conceitos de liderança e supremacia, sendo:
“A supremacia de um grupo ou, no caso, de uma nação-Estado pode... manifestar-se de duas maneiras: como ‘dominação’ e como ‘liderança moral e intelectual’.

Um grupo social domina grupos antagônicos, que ele tende a ‘liquidar’ ou a subjugar, talvez mesmo pela força armada; ele lidera grupos afins ou aliados (...) um Estado dominante se torna o ‘modelo’ a ser emulado por outros Estados e os atrai assim para o seu próprio curso de desenvolvimento...

Isso pode aumentar o prestígio, e por conseguinte, o poder do Estado dominante..., mas na medida em que obtém algum grau de sucesso, essa emulação tende a contrabalançar e, portanto, antes a reduzir do que a aumentar o poder do hegemon, ao trazer à existência competidores do hegemon e reduzir o que há nele de ‘especial’ (...) o fato de um Estado dominante conduzir o sistema de Estados numa direção desejada e, ao fazê-lo, ser majoritariamente percebido como voltado para a promoção de um interesse geral. A liderança nesse sentido aumenta o poder do Estado dominante” (p. 39).

Nos últimos 50 anos, os EUA têm atuado, principalmente, a partir de medidas coercitivas tanto interna quanto externamente, no que diz respeito as suas estratégias de dominação. Pode-se destacar o macartismo e mais recentemente, a aprovação da “Lei Patriota”, na escala nacional. Na escala global, o apoio a golpes militares, e mais recentemente, a política de ataque preventivo, em alta no governo Bush, tem atuado em países com regimes vistos como de exceção, como o sistema de Saddam Hussein no Iraque.

Immanuel Wallerstein no seu artigo: “Mundialização ou a Era de Transição? Uma visão de longo prazo da trajetória do sistema-mundo”, explica as fases A (1945-1973) e B (1973 até os dias de Hoje) do ciclo do Kondratieff.

Wallerstein analisa a fase A do ciclo do Kondratieff como sendo correspondente ao que os autores da escola francesa denominam de “os 30 anos gloriosos”, igualando com a fase de apogeu e hegemonia mundial dos Estados Unidos após o firmamento da nova ordem mundial pós-1945, que ocasionou da boa situação dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial (1939-45), pois este país foi a única potência industrial que terminou a guerra de maneira praticamente intacta, ao analisar potencial e território.

Os Estados Unidos, através da formação de instituições e acordos internacionais, resolveram um de seus principais problemas para a consolidação de sua hegemonia: a concretização da ordem mundial estável.

Outra dificuldade a ser solucionada diz respeito à formação de uma demanda que assegurasse o escoamento da crescente produção dos Estados Unidos. A deliberação para esta dificuldade foi conquistada com o plano Marshall (1947) para a Europa Ocidental, assim como uma ajuda equivalente para o Japão (Plano Colombo) após a Guerra da Coréia (1950-53).

No bojo da Guerra Fria (1945-91), os Estados Unidos se aproveitam para aproximar seus vínculos econômicos a partir de alianças militares.

Mesmo com o expressivo número de países que, de nenhuma forma, foram beneficiados com as políticas estadunidenses, como os países de Terceiro Mundo (que se reúnem na Conferência de Bandung – 1955), os Estados Unidos, de maneira geral, não tiveram grandes entraves para a concretização de sua hegemonia nessa fase A.

Na fase B, Wallerstein começa sinalizando um relevante evento que foi o aumento do preço do petróleo pela Organização dos Países Exportadores do Petróleo (Opep, criada em 1960), onde os principais países exportadores de petróleo formaram um cartel, aumentando, de forma abrupta, o preço do petróleo. Este evento poderia ser analisado como de grande efeito para que países do Terceiro Mundo pudessem fazer frente aos países desenvolvidos, entretanto, considerando que tal ação só ocorreu após a aprovação de dois grandes aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio: Arábia Saudita e Irã. Pode-se analisar este evento como positivo para os países desenvolvidos.

Após o aumento do preço do barril de petróleo, tem-se como efeito cascata que a elevação dos preços de quase todos os produtos, e ainda, resultou na diminuição da produção, se destacando como um fato positivo para o entrave causado pela superprodução.

Os países que necessitavam exportar matéria-prima para a conquista de renda enfrentaram severos obstáculos econômicos, sobrecarregados pelo encarecimento das importações. O elevado preço do barril do petróleo favoreceu os países produtores, e também os conglomerados petrolíferos.

A partir do superávit de capital, os países produtores de petróleo ampliaram suas despesas, principalmente com a importação de produtos vindos dos países desenvolvidos. E ainda, parte deste capital foi depositado em bancos, com destaque para os estadunidenses e alemães, que passaram a dispor de capital excedente, oprimindo os países que estavam sofrendo com a crise para que estes contraíssem capital em elevadas cifras, com juros.

Com isso, o Japão e a Europa começam a se destacar globalmente, diminuindo a hegemonia dos Estados Unidos, que procurou, através de uma série de medidas manter sua hegemonia em patamares sublimes, porém, não conseguiu grande eficácia.
Nos anos 80, se estabelece um estágio de modificações no cenário global. Destacam-se quatro fatores principais. Em primeiro lugar, o desponte da crise da dívida externa em países de diversas partes do planeta.

Em segundo lugar, a rápida ascensão do Japão, dos tigres asiáticos, do sudeste asiático e da China continental. Em terceiro lugar, a política estadunidense do “keynesianismo militar” que finalizou com a recessão nos Estados Unidos devido a grandes empréstimos tomados, principalmente do Japão. Em quarto lugar, o estouro de empréstimos contraídos por grandes empresas com o intuito de conquistar os lucros do capital especulativo de curto prazo em oposição aos investimentos produtivos. Sem se referir ao extremo oriente, a economia global enfrentava um colapso.

Sob esta perspectiva, e mesmo com diversas medidas, a União Soviética (que surge em 1922) chegou ao fim (em 1991). O “boom” do endividamento mundial acarretou em uma crise, nos anos 90 no mercado imobiliário japonês, diminuindo em larga escala o valor dos títulos.

Com a queda da União soviética (1991), os Estados Unidos perpassam um grande infortúnio com a invasão do Kwait (1991) pelo Iraque. Os Estados Unidos que enfrentavam problemas (tanto financeiro, como militar) passam pelo crivo da sociedade civil organizada após a sua intervenção.

A partir da criação do euro (2000), a Europa demonstra que caminha no sentido da sua unificação e para desarranjar os laços que a deixavam bem próxima aos Estados Unidos.

No bojo destes eventos ocorre a chamada crise asiática, que foi agravada com a desastrosa atuação do FMI (criado em 1944), desencadeando na propagação da deflação no Extremo Oriente e na zona de influência, seguido pela Rússia e pelo Brasil. Concluindo, portanto a análise da fase B dos ciclos de Kondratieff por Wallerstein.
A globalização financeira limita as decisões de política econômica imbuídas na escala nacional para que ocorra a geração de empregos e a segurança no trabalho.

A globalização financeira começa a se desenvolver no espaço deixado pela crise da sociedade industrial. Para Mattos (1998):
“a forma D-D’ adquire peso cada vez mais importante, suplantando a importância clássica da forma D-M-D’ (Marx, 1968), pela qual a valorização do capital implicava o emprego de equipamentos e bens de capital e, portanto, o emprego de mão-de-obra para a extração da mais valia” (p. 64).

A globalização financeira acarreta na perda de arrecadação pelos Estados, diminuindo o seu poder de atuação. Neste sentido, as políticas de geração de empregos se deslocam das atribuições do Estado para a participação do capital privado, que muitas vezes opta pela realização de investimentos financeiros.

Pode-se analisar o neoliberalismo como ausência de projeto para a construção de uma nova ordem mundial. Para Vizentini (1992):

“O próprio neoliberalismo levanta hoje dúvidas, pois para um número crescente de estudiosos apresenta-se muito mais como a falta de um projeto novo. Historicamente, a ‘volta as raízes’ foi sempre uma decorrência da ausência de perspectivas para o futuro.

Em nenhuma outra época deste século os dirigentes conservadores atuaram tão intensamente através de políticas de curto prazo como agora, ainda que camuflando as táticas conjunturais como estratégias de longo alcance” (p. 224).
Uma das estratégias realizadas tem sido a reunião (e não ampliação) dos mercados, na tentativa de compensar a diminuição do consumo em cada país. A formação de megablocos econômicos sinaliza para tal assertiva.

A situação econômica dos Estados Unidos apresenta-se entrelaçada com as indústrias do setor bélico. Neste sentido, Vizentini (1992) diz que:

“Ao desaparecer o inimigo externo (o socialismo), os antagonismos sociais oriundos das profundas e crescentes desigualdades, e que antes eram abafadas pelas tensões internacionais, reaparecem e são reinteriorizados com características fortemente irracionais. É o fim do consenso doméstico. A solução que se esboça é manter vivos os mecanismos de repressão interna típicos da Guerra Fria, redirecionando simultaneamente a ação exterior contra novos inimigos ‘reais ou forjados’” (p. 228).

Com a derrocada da hegemon dos EUA, um grupo de países começa a se destacar de forma incisiva. Para Magnoli (2002):
“As potências econômicas passaram a coordenar suas políticas de câmbio por meio de reuniões anuais do Grupo dos 5 – Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Grã-Betanha – que, depois, agregou a Itália e o Canadá, tornando-se o atual G-7. Esta coordenação da política cambial jamais evitou instabilidades e oscilações mas, no conjunto, o governo das maiores economias revelaram-se capazes de evitar o precipício de guerras comerciais e retaliações protecionistas” (p. 56).

Para finalizar, conclui-se que na atual (des) ordem econômica mundial inexistem mecanismos que possibilitem o crescimento econômico sustentado, a melhoria na distribuição de renda e o desenvolvimento dos indicadores sociais. Além disso, a hegemonia do sistema capitalista está em aberto, sendo alvo de disputa pelas principais potências do planeta.


Referências Bibliográficas

HARVEY, D. O Novo Imperialismo. Rio de Janeiro, 2005. pp.: 31-76.
MAGNOLI, D. Relações Internacionais: Teoria e História. São Paulo: Editora Saraiva, 2002. pp.: 50-63.
MATTOS, F. A. Retrospectiva Histórica do processo de Globalização Financeira. São Paulo: Cultura Vozes, jan/fev. 1998. pp.: 43-70.
RAMONET, I. O Pensamento Único e os Regimes Globalitários. In: FIORI, J. L. (et alli). Globalização: o fato e o mito. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998. pp.: 54-75.
VIZENTINI, P. G. F., RIBEIRO, L. D. T. A transição para uma Nova Ordem Internacional. pp.: 223-237.

Dicionário de Geografia

Altitude
Distância vertical deste ponto até o nível zero, geralmente, o nível médio do mar.

Atlas
Conjunto de mapas agrupados em um volume.

Bacia Hidrográfica
Área drenada por um rio principal e seus tributários. As bacias hidrográficas recebem o nome do rio principal, sendo também chamadas bacias fluviais ou bacias de drenagem.

Barômetro
Instrumento utilizado em Topografia para determinação da altitude de pontos da superfície terrestre em função de sua pressão atmosférica.

Carta Geográfica
Carta topográfica de escala pequena, em regra inferior a 1/500 000, que representa os traços mais gerais de vastas regiões do globo terrestre.

Carta Náutica
Carta temática destinada a apoiar a navegação marítima e que apresenta, sobre um fundo de informação topográfica e hidrográfica mais ou menos simplificado, informação específica relevante para a condução da navegação perigos e ajudas à navegação, corredores de tráfego marítimo, informação oceanográfica e meteorológica.

Carta Política
Carta temática que representa informação de aspectos com relevância política dos países, especialmente as divisões territoriais e administrativas e os centros populacionais mais importantes.

Carta Temática
Carta cujo objetivo é representar informação, ou apoiar atividades, de caráter especializado. Tipicamente, as cartas temáticas apresentam, sobre um fundo de informação geral mais ou menos simplificado, muitas vezes extraído de cartas topográficas, hidrográficas e administrativas, fenômenos localizáveis de qualquer natureza, sob forma qualitativa ou quantitativa. São cartas temáticas as cartas políticas, meteorológicas, demográficas, geológicas, etc...

Carta Topográfica
Carta de base que representa, tão fiel e pormenorizadamente quanto a escala o permita, a topografia da superfície terrestre. O termo geralmente aplica-se às cartas de maior escala, em regra igual ou superior a 1:50 000.

Carta-Imagem
Carta obtida por meio de referenciamento e correção geométrica de uma imagem aéra ou de satélite.

Cartografia
Conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas, baseado no resultado de observações diretas ou de análise de documentação, visando a elaboração e preparação de cartas, projetos e outras formas de expressão, bem como sua utilização.

Cartógrafo
Pessoa que elabora mapas ou cartas geográficas.

Círculo Polar Antártico
Círculo ou linha imaginária que assinala, ao redor do pólo sul, o alcance máximo dos raios solares no dia 21 de junho, ou seja, quando começa o verão no hemisfério norte.

Círculo Polar Ártico
Círculo imaginário que assinala, ao redor do pólo norte, o alcance máximo dos raios solares no dia 22 de dezembro, ou seja, quando começa o verão no hemisfério sul.

Cobertura Aerofotogramétrica
Conjunto de fotografias de determinada região que obtidas por meio de uma câmara fotogramétrica de precisão a bordo de uma aeronave.

Convenções Cartográficas
Ou Legenda, parte de uma carta ou mapa, que contém o significado de todos os símbolos, cores e traços utilizados na representação do desenho técnico cartográfico.

Coordenadas
Valores lineares e/ou angulares que indicam a posição ocupada por um ponto num sistema de referência qualquer.

Coordenadas Cartesianas
Sistema de referência posicional no qual a localização é medida em dois ou três eixos ortogonais (perpendiculares). As coordenadas cartesianas diferem das coordenadas latitude e longitude por estas últimas compreenderem um sistema de referência esférico.

Coordenadas Geodésicas
Os valores de longitude e latitude que definem a posição de um ponto na superfície da terra, em relação ao elipsóide de referência.

Coordenadas Geográficas
Termo global usado geralmente para indicar, tanto as coordenadas geodésicas quanto as coordenadas astronômicas, o mesmo que coordenadas terrestres.

Croquis
Mapa temático, essencialmente concebido com fins explicativos, que representa, de forma muito generalizada, fenômenos geográficos no seu conjunto, realçando as suas relações espaciais.

Curvas de Nível
Linhas curvas representadas numa carta ou mapa, que unem pontos de mesma elevação e que se destinam a retratar a forma do terreno.

Dado
Qualquer tipo de representação que tenha um significado.

Equador
Grande círculo imaginário traçado em volta da Terra no plano perpendicular ao eixo terrestre, a igual distância dos pólos norte e sul, dividindo portanto a Terra em hemisfério setentrional e hemisfério meridional.

Escala
Relação entre as dimensões de elementos representados numa carta ou mapa e suas dimensões reais (naturais) correspondentes.

Escala Gráfica
Tipo de escala cartográfica, utilizada na elaboração de plantas, cartas e mapas, em que a relação entre as distâncias reais e as distâncias representadas no papel é dada por um segmento de reta em que uma unidade de medida na reta corresponde a uma determinada medida real, conforme a relação utilizada.

Escala Numérica
Escala cartográfica utilizada na elaboração de plantas e mapas, em que a relação entre as distâncias reais e as distâncias representadas no papel é dada por números, em regra na forma de uma fração (por exemplo, 1/50 000 ou 1: 50 000, sendo preferível o segundo).

Fotografias Aéreas
Fotografias obtidas por sensores instalados em aeronaves.

Fotograma
Qualquer fotografia obtida através de uma câmara fotogramétrica.

Fotogrametria
Arte, ciência e tecnologia de obter informações confiáveis de objetos físicos e do meio através do uso de fotografias ou de qualquer outro tipo de registro da energia eletromagnética.

Fotoíndice
Conjunto de fotografias aéreas, superpostas pelos detalhes que lhes são comuns, reduzido fotograficamente ou de forma digital que permite visualizar o conjunto fotografado.

Fuso
Fuso UTM, zona de projeção delimitada por dois meridianos cuja longitude difere de 6?, e por dois paralelos de latitudes 80? norte e sul.

Geocodificação
Definição da posição de elementos geográficos referenciada a um sistema de coordenadas padrão. Normalmente é feita por meio da definição de um centróide.

Geodésia
Ciência que procura definir e situar as características naturais e físicas de grandes porções da superfície terrestre.

Geofísica
Ramo da física experimental que se preocupa em determinar a estrutura, composição e desenvolvimento da Terra, inclusive a atmosfera e a hidrosfera.

Geóide
Superfície equipotencial do campo gravimétrico da Terra que coincide com o nível médio do mar e que se estende por todos os continentes, sem interrupção.

Geomorfologia
Ciência que estuda as formas do relevo, tendo em vista a origem, estrutura e natureza das rochas, o clima e as diferentes forças endógenas e exógenas (de formação das rochas) que, de modo geral, modificam o relevo terrestre.

Geoprocessamento
Tecnologia que abrange o conjunto de procedimentos de entrada, manipulação, armazenamento e análise de dados espacialmente referenciados.

Georreferência
Relação entre as coordenadas de uma planta e as coordenadas do mundo real conhecidas.

GIS
Abreviatura para "Geographic Information System", ou seja, Sistema de Informação Geográfica, sendo a associação de elementos de uma Base Cartográfica à um Banco de Dados Relacional, permitindo desenvolver aplicações voltadas para uma administração otimizada.

GMT
Abreviação de Greenwich Mean Time, hora local do meridiano de Greenwich, assumida como horário padrão internacional e conhecida em português como Hora do meridiano de Greenwich.

GPS
Abreviatura para "Global Position System". Sistema criado para a navegação que utiliza sinais emitidos por satélites artificiais. Usado para a navegação e posicionamento no mar, ar e superfície terrestre. O Sistema de Posicionamento Global permite ao usuário, por meio do recebimento de sinais de satélites artificiais, definir a exata localização de um ponto qualquer sobre o globo.

Greenwich
Nome da cidade inglesa que marca a longitude zero, ou seja, o meridiano-origem ou meridiano principal, conforme ficou estabelecido desde 1883.

Hemisfério
Denominação de cada uma das metades em que a Terra é imaginariamente dividida, pela linha que corta o equador, ou, as metades divididas pelo meridiano de Greenwich.

Hidrografia
Representação das águas continentais e oceânicas do globo terrestre.

Hipsometria
Estudo que trata da medição das altitudes.

Histograma
Representação gráfica da distribuição da freqüência de níveis de cinza de uma imagem matricial de sensor remoto. Apresenta no eixo "x" a variação de níveis de cinza da imagem e no eixo "y" a freqüência de cada valor digital na mesma.

Imagem
Registro permanente em meio digital ou material fotográfico de acidentes naturais, artificiais, objetos e atividades, obtido por sensores como o infravermelho, pancromático e satelital de alta resolução.

Imagem de Satélite
Imagem captada por um sensor a bordo de um satélite artificial, codificada e transmitida para uma estação rastreadora na Terra.

Imagem Multiespectral
Imagem de múltiplas bandas, isto é, é uma imagem obtida por múltiplos sensores que detectam a energia em bandas de diferentes comprimentos de onda.

Imagens de RADAR
Imagens resultantes da combinação de processos fotográficos ou digitais e técnicas de RADAR onde impulsos elétricos ou microondas são emitidos (antena) em direções predeterminadas, e os raios refletidos e devolvidos são recebidos (antena) e utilizados para fornecer imagens que ficam registradas em filme ou em meio digital.

Imagens Orbitais
Nome dado às imagens obtidas por satélites que orbitam ao redor da Terra.

Informação
Dado codificado.
Informações Georreferenciadas
Ligação de atributos não gráficos ou dados geograficamente referenciados às informações gráficas de um mapa.

Isóbara
Linha que, num mapa, liga os pontos que apresentam os mesmos valores de pressão atmosférica.

Isoieta
Linha que, num mapa, liga os pontos que apresentam a mesma quantidade de chuva.

LANDSAT
Programa do governo americano de imageamento da superficíe terrestre por satélites iniciado pela NASA em meados dos anos 70. Este termo é também utilizado para designar um ou mais satélites do programa (Landsat 4, 5, 7), bem como, os dados (imagens) por eles enviados.

Latitude
Indica a medida do arco de meridiano (em graus) compreendido entre o equador (origem das latitudes) e o paralelo do lugar a que diz respeito.

Levantamento Topográfico
Levantamento cujo objetivo principal é a determinação do relevo da superfície terrestre e a localização dos acidentes naturais e artificiais desta superfície.

Levantamentos Gravimétricos
Levantamentos que têm por fim a determinação do valor da gravidade numa série de pontos de uma determinada região.

Longitude
Representa a amplitude do arco do equador ou do paralelo compreendido entre o semi-meridiano de referência (Greenwich, Inglaterra) e o semi-meridiano do lugar considerado.

Mapa
Ou Carta, é a representação gráfica, geralmente em uma superfície plana e em determinada escala, das características naturais e artificiais da superfície ou sub-superfície terrestres.

Mapa Digital
Mapa cujo suporte é um meio digital.

Mapa Temático
Representação gráfica, sobre um mapa básico (topográfico, geográfico ou hidrográfico), de sínteses de pesquisa e estudos de temas variados como por exemplo, agrícolas, arqueológicos, climáticos, econômicos etc.

Mapeamento Sistemático Nacional
Elaboração e preparação de cartas ou mapas do território nacional, em escalas diversas e para fins diversos, segundo normas e padrões pré-estabelecidos por entidades cartográficas.

Meridiano
Elipse ou círculo máximo cujo plano contém o eixo de rotação da Terra. Sobre um determinado meridiano a longitude é constante.

Meridiano Central
Longitude de origem de cada fuso no sistema de coordenadas da projeção UTM.

Meridiano de Greenwich
Ou Meridiano Principal ou Meridiano de Origem, corresponde à longitude 0º, passando pela localidade de Greenwich, na Grã-Bretanha, e sendo convencionado como o meridiano de referência, dividindo a Terra em hemisfério leste ou oriental, e hemisfério oeste ou ocidental, e cuja hora (GMT) é conhecida como o horário padrão internacional no sistema de fusos horários.

Norte Cartográfico
Direção norte dos meridianos numa quadrícula cartográfica.

Norte Geográfico
Direção do pólo Norte, definido pelos meridianos.

Norte Magnético
Direção para onde aponta o pólo Norte de uma agulha magnética, assumida livre de outros efeitos que não sejam o campo magnético da Terra.

Orientação
Termo que remonta aos mapas antigos (medievais) cujo padrão era o de colocar o Leste na parte do topo (como fazemos hoje com o Norte).

Orientação Absoluta
Orientação de um modelo estereoscópico em um Aparelho Restituidor cuja finalidade é determinar a escala e o nivelamento do modelo, utilizando-se os pontos de controle vertical e horizontal que nele aparecem.

Orientação Relativa
Orientação de um modelo estereoscópico em um Aparelho Restituidor cuja finalidade é a determinação exata da posição da câmara no instante da tomada das fotografias.

Projeção Cartográfica
Arranjo sistemático, sobre um plano, da rede geográfica de meridianos e paralelos definida na esfera ou no elipsóide de referência. O processo de transformação, geométrico ou analítico, utilizado para realizar essa representação.

Projeção Central
Ou Cônica, é o processo de redução de uma figura espacial para o plano. Este processo se dá pelo traçado em perspectiva onde cada ponto da superfície é ligado a um ponto de fuga (centro perspectivo do sistema de lentes de uma câmara) e daí projetado no plano de referência (fotografia).

Projeção Cilíndrica
Projeção cartográfica que utiliza um cilindro como superfície de projeção e que, no seu aspecto normal, apresenta os meridianos e os paralelos retilíneos e perpendiculares entre si.

Projeção Conforme
Projeção em que a forma de figuras da superfície cartográfica e os ângulos em torno de pontos são corretamente representados.

Projeção Cônica
Projeção cartográfica que utiliza um cone como superfície de Projeção e que, no seu aspecto normal, apresenta os paralelos circulares e concêntricos, e os meridianos retilíneos e concorrentes no vértice, fazendo entre si ângulos inferiores às respectivas diferenças de longitude.

Projeção Convencional
Projeção cartográfica que não utiliza o conceito de superfície de Projeção, antes sendo construída com base em critérios formulados matematicamente.

Projeção Eqüidistante
Projeção cartográfica em que a escala real é conservada ao longo de certas linhas. Uma Projeção é azimutal eqüidistante quando as distâncias são conservadas ao longo dos círculos máximos que passam pelo centro; eqüidistante meridiana, quando a distância é conservada ao longo dos meridianos; e eqüidistante transversal, quando a distância é conservada ao longo dos paralelos.

Projeção Equivalente
Projeção cartográfica em que a proporção das áreas de todos os objetos representados é conservada, ou seja, em que o módulo de deformação areal é constante e igual à unidade

Projeção Ortogonal
Processo de redução de uma figura espacial para o plano. Este processo se dá pela projeção de cada ponto da figura (terreno) perpendicularmente a um plano de referência (planta).

RADAR (Radio Detection And Ranging)
Dispositivo para determinar a presença, distância e velocidade de um objeto por meio de transmissões de microondas. São atualmente utilizados em diversos campos navegação marítima e aérea, a orientação automática de satélites e mísseis, medição de fenômenos atmosféricos, estudos geológicos, controle de velocidade e fluxos de veículos.

Representação Cartográfica
Representação gráfica geral ou parcial em duas ou três dimensões da configuração da terra ou dos fenômenos correlacionados.

Scanner
Ou Escaner, dispositivo ótico de varredura, que captura imagens e as transfere para um computador.

Sensor
Dispositivo que capta e registra, sob a forma de imagem, a energia refletida ou emitida pela superfície terrestre (terreno, acidentes artificiais, fenômenos físicos etc.)

Sensoriamento Remoto
Registro da energia refletida ou emitida por objetos ou elementos da superfície terrestre, por sensores localizados a grandes distâncias (geralmente no espaço).

SIG-Sistema de Informação Geográfica
Ver GIS.

Símbolo Cartográfico
Expressão gráfica esquemática ou simplificada de um objeto ou fenômeno. Os símbolos podem ser pontuais, lineares ou em mancha, consoante a forma de implantação gráfica.

Topografia
Ciência que procura definir e situar as características naturais e físicas de pequenas porções da superfície terrestre.

Zoneamento
Organização de uma área em zonas ou faixas com fins específicos.

Zoneamento Urbano
Divisão de áreas objetivando a reorganização espacial de uma cidade, como forma de diferenciar as áreas e os fins a que se destinam.