Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

domingo, 27 de setembro de 2009

Estabilidade econômica de Cuba

     Ainda é pouca a melhora nas condições de vida da população • Aumento na indústria, investimentos e agricultura
    A recuperação da economia cubana mantém-se desde 1995, mas o crescimento não pode ainda compensar a redução súbita que sofreu a Ilha, após a desintegração do campo socialista da Europa Oriental.
    Uniram-se ao recrudescimento do bloqueio, outras questões complexas no âmbito econômico da nação cubana durante este ano, quando os preços do petróleo aumentaram a índices gritantes e os do açúcar, um dos principais produtos exportáveis, despencaram, se juntando a isso que o turismo não satisfez as expectativas nas rendas.
    O crescimento de 5,6% no Produto Interno Bruto no ano 2000, evidencia que as transformações iniciadas nesta década, no setor econômico, tornaram possível a sustentada recuperação do País.
    Na última reunião plenária do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, examinaram-se os fatores principais que conduzem a esse comportamento, que são, em primeiro lugar, as mudanças estruturais realizadas na busca de rendas do Exterior.
    Outro dos aspectos que influem no crescimento sustentável da economia é maior espaço aos serviços — como o turismo —, mais dinâmico a nível internacional, menos gasto energético e melhor uso da força de trabalho qualificada.
    Em segundo lugar, maior eficiência energética na produção. Na agricultura, por exemplo, em 1989, colher uma tonelada de tubérculos e hortaliças, exigia de um gasto de 95 quilos de diesel e 19 de gasolina. Agora, gastam-se 37 e 3, respectivamente.
    Na extração niquelífera constata-se um racionamento similar no uso do combustível. A usina Ernesto Che Guevara, situada na região de Moa, ao leste do País, emprega metade do combustível que antes gastava na fabricação de uma tonelada do minério, em comparação com 1989.
    Outras produções também registram menor consumo de combustível, o qual foi possível graças não só a mudanças tecnológicas, mas também a uma melhor organização dos processos industriais e agrícolas.
    Em terceiro lugar, o crescimento na extração de petróleo e seu maior uso na geração elétrica, na produção de cimento e de níquel.
    A indústria global da Ilha — incluindo a leve — cresceu 5% durante o 2000 e melhorou seus resultados em 17 dos 22 ramos que a integram.
    O incremento de 9,3% nas construções reflete que apostamos pela consolidação de uma infra-estrutura propiciadora de bens e serviços.
    É bom salientar o aumento de 11,4% nos investimentos. Por volta de 3 bilhões de pesos foram destinados à construção e modernização de termelétricas, extração e transporte de petróleo e gás, níquel, maiores capacidades hoteleiras e obras ligadas ao setor das telecomunicações.
    A sólida recuperação baseia-se, aliás, na manutenção do equilíbrio financeiro interno, na sua tendência crescente de forma positiva e na redução do déficit da conta corrente.
    Mais de 370 empresas, com presença de capital estrangeiro, funcionam no País, tendo ótimos resultados. Foi promovido para contribuir com tecnologia e mercados.
    Nestes anos, os empresários estrangeiros investiram, aproximadamente, US$ 4,3 bilhões, valores materializados na sua maioria e a outra parte, em execução.
    Os lucros dos empresários estrangeiros são remetidos ao Exterior sem nenhuma restrição ou trâmite.
    O Aperfeiçoamento Empresarial, processo que se iniciou nos últimos anos, é considerado como a transformação mais radical no aparelho econômico nacional, ao mudarem de concepção os executivos, ao exigirem uma correta contabilidade e serem eliminadas práticas paternalistas e de tutelagem.
    As empresas enroladas no Aperfeiçoamento Empresarial possuem maiores lucros e redução das despesas, em relação com o ano anterior. O processo de incorporação é muito seletivo. Em 1999, foi suspenso o processo de Aperfeiçoamento Empresarial em 295 empresas, por não possuírem a contabilidade adequada.
    Se bem que a macroeconomia seja favorável, as condições de vida da população não se aproximam ainda das existentes no País antes do Período Especial, quanto ao fornecimento de alimentos, confecções têxteis e eletrodomésticos, com preços mais acessíveis a ela, em conformidade com seus rendimentos.
    O transporte continua sendo um problema para curtas e longas distâncias. Além disso, há poucos recursos para a reparação de casas, bem como a distribuição de novos prédios de apartamentos.

OURO NEGRO EM ASCENSÃO
    A produção de 2,8 milhões de toneladas de petróleo no País e a possibilidade de atingir cinco milhões para 2005, foi uma das notícias mais comentadas pela população neste fim-de-ano, pelos problemas que a falta de combustível provocou e provoca no nível de vida das pessoas.
    Os 500 metros cúbicos de gás natural, empregues na geração elétrica, também possibilitam não só vantagens econômicas, mas também melhoras nas condições de vida da família cubana.
    O crescimento da produção petrolífera — em 1989 apenas se atingiu por volta de meio milhão de toneladas — e o aproveitamento do gás acompanhante permitiu poupar US$ 400 milhões à economia do País. Os 70% da eletricidade são gerados com petróleo proveniente das próprias jazidas da Ilha e usa-se, aliás, na produção de cimento e está sendo introduzida na de níquel.
    Novas tecnologias nos processos de perfuração e extração, mudanças na organização empresarial e a presença de companhias estrangeiras, cujo investimento ultrapassa US$ 600 milhões, incidiram no aumento acelerado da produção de petróleo no País.
    Um milhão de habitantes da capital, quase metade da população de Havana, cozinha com gás natural, ao ser substituído o canalizado, devido a que a extração de petróleo na faixa norte (Cojímar—Varadero) cresceu seis vezes em relação com 1989.
    A produção niquelífera atingiu 72 mil toneladas durante o ano, uma cifra ainda superior à conseguida antes do Período Especial: 46 591.

MODERNIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO
    O sistema financeiro bancário foi submetido a um programa de reordenamento, modernização e proteção de negociações ilícitas, face à volatilidade e incerteza predominantes no sistema financeiro mundial.
    Manteve-se a estabilidade da moeda cubana, conseguindo sua revalorização sete vezes, desde 1994 até à data. Por sua vez, diminuiu o desemprego e ficou sob controle a inflação, de acordo com uma análise do ministro presidente do Banco Central de Cuba, Francisco Soberón.
    Foi autorizado que cidadãos e empresas operem contas diretamente em divisas nos bancos cubanos. No caso das entidades, devem possuir licença, concedida somente àquelas pessoas que realizam operações comerciais ou financeiras com o Exterior.
    Os cidadãos cubanos podem operar com moedas estrangeiras dentro do território nacional e possuir contas em divisas, além de efetuarem trocas de moeda nacional em divisas e vice-versa nas Casas de Câmbio (Cadeca), embora existam rigorosos controles quanto à saída de divisas ao Exterior.
    Agora, estão em funcionamento oito bancos comerciais e 16 entidades financeiras não-bancárias, algumas delas, com participação de capital estrangeiro.
    No entanto, disse Soberón, os oito bancos autorizados para realizarem todo o tipo de operações no território nacional são cubanos e ficam sob controle estatal.
    O uso das técnicas bancárias mais modernas possibilita que aproximadamente 1 200 empresas efetuem transações eletronicamente.
    Foram introduzidos 350 mil cartões com faixas magnéticas para o pagamento de salários, pensões e operação de contas de poupança. Além disso, foram instaladas 78 caixas automáticas.
    O montante dos créditos concedidos em divisas pelo sistema bancário a empresas cubanas durante o ano 2000, foi de aproximadamente US$ 2 bilhões. Em moeda nacional, os empréstimos ultrapassaram US$ 5,5 bilhões.
    Os 40% da população cubana possuem contas nos bancos, tanto em moeda nacional quanto em dólares, o qual aponta para a confiança no sistema financeiro do País.
    A seriedade e honestidade para cumprir os compromissos com instituições credoras estrangeiras foi reiterada pelo ministro presidente do Banco Central de Cuba, quando anunciou que uma parte considerável da dívida foi reestruturada, o qual possibilitou reabrir o acesso ao crédito com respaldo oficial.
    Mantêm-se contatos com o Clube de Paris sobre a possibilidade de uma reestruturação multilateral da dívida a médio e longo prazos.

CINCO VEZES MAIS TURISTAS QUE HÁ 11 ANOS
    Durante 2000, visitaram o País cinco vezes mais turista que há onze anos. O turismo na Ilha, com uma natureza e praias paradisíacas, concluíram o ano com crescimento de 10%, registrando 1,8 milhão turistas provenientes do Canadá, Alemanha, Itália, Espanha, França, Reino Unido, México e Argentina, países onde se concentra 70% dos turistas que preferem a Ilha.
    No mercado emissor a Cuba também ocupa lugar de destaque países como Portugal, Suíça, Países Baixos e Áustria.
    Outras nações latino-americanas onde se trabalha para atrair turistas são a Venezuela e o Brasil; na Europa, são incentivados os países escandinavos e a Rússia; e na Ásia existem potencialidades no Japão e na China.
    Este setor, obrigado pela competitividade a um processo contínuo de enriquecimento e assimilação de práticas novas e tornado a locomotiva da economia cubana, deve diversificar suas alternativas para os viajantes.
    Sem encaixarmo-nos na promoção de sol e de mar, será promovido o interesse pelos valores históricos, naturais, esportes náuticos, pelo chamado turismo de eventos e congressos, muito de moda no mundo atual pela necessidade do intercâmbio científico-técnico.
    Dos 12 900 apartamentos disponíveis em 1990, chega-se ao novo século com 35 mil, mantendo-se uma taxa de crescimento de 11% durante esta década.
    A indústria do lazer emprega mais de 90 mil trabalhadores e, de maneira indireta, vincula-se mais 300 mil. Nos resultados econômicos é ainda alto o custo (0,78 centavos de dólar) em cada dólar de renda adicional, resultado que para o ministro do Turismo, Ibrahim Ferradaz, está ligado não só a deficiências internas, mas também à desvalorização do euro e ao aumento dos preços do petróleo.
    A idiossincrasia do cubano, o sossego das ruas, o nível profissional de serviços, e a salubridade, são fatores que influem no fato de os turistas ficarem satisfeitos com sua estada na Ilha, algo essencial para que se repita a visita.

MAIS AÇÚCAR E MAIOR QUALIDADE
    Durante 114 dias, o País produziu 4,05 milhões de toneladas de açúcar na safra 1999-2000, com crescimento de 7,3% em relação à anterior.
    Uma questão que deve se salientar da última colheita é que o açúcar teve a maior qualidade dos últimos tempos, de acordo com uma análise recente realizada por especialistas desse setor.
    Foram paralisadas 44 usinas açucareiras, tendo em consideração que não era fatível seu funcionamento por causa do péssimo estado dos seus canaviais. Continuaram em funcionamento 111 usinas, cifra que se prevê seja similar na safra 2000-2001, recém-iniciada.
    Melhorou o índice de açúcar extraído à cana, durante o processo industrial, indicador que registrou o resultado mais favorável dos últimos 15 anos.
    O rápido embarque do açúcar produzido registrou lucros de mais de US$ 2,2 milhões, segundo fontes do Ministério do Açúcar.
   O custo da tonelada de açúcar foi de 352 pesos e 36 centavos, inferior onze pesos ao da safra anterior e às previsões.
    Entre as deficiências da passada safra, está o péssimo acabamento das reparações industriais, o qual provocou que 36 usinas tivessem um número elevado de tempo perdido por avarias, durante o primeiro mês da safra.
    Além disso, são altas as perdas de cana na colheita mecanizada, não só pela má operação das colheitadeiras, mas também por os campos não estarem bem preparados para aplicar essa técnica de corte. Aliás, é alto o índice de cana atrasada que é moída nos usinas, o qual incide na eficiência.
    Para a safra 2000-2001, prevê-se uma produção de açúcar inferior, pois a longa seca que afetou virtualmente todas as plantações de cana, diminuiu o rendimento agrícola e a disponibilidade geral de matéria-prima. Esta situação obriga a adotar medidas técnicas e organizativas extremas na colheita para reduzir as perdas e condicionar maior eficiência no processo da cana-de-açúcar.
MELHORAS NO RAMO VEGETAL, PORÉM NÃO NO ANIMAL
    Enquanto a agricultura marca pontos a favor com o resultado das suas produções vegetais, no setor animal as condições são ainda mais complexas para a recuperação. Os índices atingidos na produção de ovos, de leite, carne de ave, bovina e de porco flutuam entre 40 e 45% da prevista antes do Período Especial.
    A produção de alimentos provenientes de animais precisa de alta garantia financeira para respaldar a importação de rações e outros insumos.
    Embora se transformem os métodos de alimentação ao gado, com base na sustentabilidade com recursos locais, os pastos tropicais são de baixo conteúdo protéico, razão pela qual necessita ser complementada com concentrados de grãos que, nas condições desta Ilha, registram baixos rendimentos. De 900 milhões de litros de leite, agora apenas se obtêm 400 milhões.
    A produção de ovos e de carne de ave defronta-se com situação similar, pois os componentes das rações são caros e adquirem-se em mercados distantes. Em 2000, apenas se atingiu 45% da produção de ovos do início da passada década, enquanto a carne de ave diminuiu de 117 mil toneladas para 30 mil.
    Quanto à carne de porco, nos últimos três anos, houve uma recuperação mais rápida. De 100 mil toneladas obtidas, antes do Período Especial, já atingimos 60 mil. Tudo isso é devido a um sistema de contratos com os produtores, aos quais se facilita 50% dos alimentos em troca de um volume combinado de carne com melhor preço.
    A agricultura propicia emprego a um milhão de pessoas entre operários e camponeses. Dispõe de 500 empresas e 7 mil organizações produtivas em cinco fórmulas diferentes.
    Um dos mais sérios problemas de anos anteriores, a flutuação trabalhista e a falta de mão-de-obra, é resolvido com o vínculo dos resultados à produção.
    Para incentivar as culturas de fumo, café, frutas e produções de autoabastecimento familiar, o Estado cubano entregou 100 mil hectares de terra em usufruto gratuito a 76 mil pessoas, nos últimos seis anos.
    São consideráveis as reduções de combustível, fertilizantes e pesticidas na produção agropecuária. De 500 mil toneladas de diesel consumidas em 1989, agora se gastam 250 mil. Em dito período, a aplicação de fertilizantes químicos diminuiu de 961 mil toneladas de fertilizantes para 200 mil. Quanto aos pesticidas, a redução também é considerável, ao se proteger com produtos biológicos um milhão de hectares

Carga tributária: Brasileiros pagam 38 impostos.

No Brasil, a carga tributária - o conjunto de impostos que incidem sobre mercadorias ou sobre os rendimentos das pessoas e das empresas - sofre um constante processo de crescimento. No caso das empresas, elas convivem com 59 tributos - entre taxas, contribuições e tarifas. No que se refere aos cidadãos, os impostos somam cerca de 38 tipos de taxas e contribuições.
PRODUTOS
% TRIBUTOS (sobre o       preço final)


Água sanitária
37,84%

Álcool
43,28%

Amaciante
43,16%

Desinfetante
37,84%

Detergente
40,50%

Sabão em barra
40,50%

Sabão em pó
42,27%

Saponáceo
40,50%

 
 

Lata de tinta
39,50%

Saco de cimento
39,50%

Tijolo (unidade)
36,69%

Vaso sanitário
39,50%

Casa popular
Material de construção
IPI
INSS trabalhador 

49,50% (total)
39,50%
2%
8%


 
 

Aparelho de DVD
50,39%

Aparelho MP3 ou IPOD
49,45%

CD (compact disc)
37,88%

DVD
38%

Microcomputador (até R$ 3.000,00)
24,30%

Laptop (acima de R$ 3.000,00)
31,61%

Playstation
72,18%

Som-Micro System
38%

TV 29 polegadas
38%

 
 

Achocolatado
37,84%

Açúcar
40,50%

Arroz (5kg)
15,34%

Batata
11,22%

Biscoito
38,50%

Café
36,52%

Carne bovina
18,67%

Chocolate (barra)
30,80%

Farinha de trigo
34,47%

Frango
18,00%

Frutas
21,78%

Leite em pó
28,17%

Leite longa vida
33,63%

Macarrão/espaguete
35,20%

Margarina 500g
37,18%

Óleo
37,18%

Pão francês
18,55%

Pipoca (saco 500g)
34,82%

Sal
29,48%

Sorvete (picolé)
37,98%

 
 

Bebidas

Água (1,5 litro)
45,11%

Cachaça (litro)
83,07%

Caipirinha
76,66%

Cerveja
(lata) 56%

Refresco em pó
38,32%

Refrigerante (lata)
47%

 
 

Álcool combustível (litro)
25,86%

Aparelho de telefone celular
39,80%

Cigarros
80,42%

Conta de telefone
46,12%

Energia elétrica
45,80%

Juros bancários
26,39%

Medicamentos (uso humano)
33,87%

Óleo diesel
40,50%

Passagem aérea
22,32%

Preservativo
18,75%

Serviço de TV por assinatura
46,12%

Teatro e cinema
30,25%

Jornal
14,09%

 
 

Agenda escolar
44,49%

Apontador
44,39%

Borracha
44,39%

Caderno universitário
36,19%

Caneta
48,69%

Cola tenaz
43,91%

Lápis (preto - unidade)
36,19%

Livro escolar
13,18%

Livros (leitura geral)
15,52%

Mochilas
40,82%

Papel sulfite
38,97%

Pastas plásticas
41,06%

Régua
45,85%

Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT)/mar/2008
Os brasileiros trabalham, em média, cinco meses para pagar impostos - e mais quatro para conseguir pagar por educação, planos de saúde, previdência privada, manutenção das estradas e, em alguns casos, segurança. Não é o que ocorre em outros países - como a Suécia, por exemplo -, nos quais os cidadãos chegam a pagar até mais impostos do que os brasileiros, mas recebem um retorno maior por essa contribuição, na forma de escolas públicas e serviços de saúde de alta qualidade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o brasileiro trabalhou praticamente todos os dias, entre janeiro e maio de 2008, apenas para pagar impostos. Se compararmos com o que ocorria na década de 1970, naquela época o cidadão trabalhava, anualmente, 2 meses e 16 dias para o pagamento dos tributos. Na década de 1990, já eram 3 meses e 12 dias. Ainda segundo o IBPT, grande parte dessa carga tributária é paga sem perceber, pois muitos impostos estão embutidos no preço de mercadorias e serviços (veja a tabela abaixo) - são os chamados impostos indiretos. Em outros países, no entanto, o cidadão é sempre informado, a cada compra, sobre os impostos ou taxas presentes no preço do produto ou serviço que se deseja adquirir.

Reforma tributária

O governo brasileiro já discutiu várias vezes a reforma tributária - e uma proposta de reforma foi entregue ao Congresso Nacional em fevereiro de 2008, com o objetivo de diminuir as desigualdades regionais e simplificar o sistema tributário. Até junho de 2008, no entanto, nada havia sido votado. A carga tributária brasileira é comparável a de países como Espanha e Alemanha, nações onde o retorno dos impostos para o cidadão, na forma de serviços e outros benefícios, é reconhecidamente maior. Além disso, no Brasil, o peso dos tributos sobre as empresas e os cidadãos é maior do que o registrado em economias como a dos Estados Unidos e do Japão. De toda a riqueza produzida no país, em média 36% corresponde a tributos. Ao mesmo tempo, faltam recursos para investimentos em infra-estrutura. Na Constituição de 1988, por exemplo, diversas garantias foram aprovadas - o acesso a serviços de saúde foi garantido para cerca de 70 milhões de pessoas. Contudo, até os primeiros anos do século 21, as demandas sociais por atendimento de saúde não haviam sido supridas.  
Principais pontos da proposta de reforma tributária:
A reforma deve ser feita por meio de emenda constitucional, com o apoio de três quintos dos deputados
Aprovada no fim do ano passado em uma comissão especial da Câmara, a proposta de reforma tributária ainda precisa seguir o longo caminho de votações nos plenários da própria Câmara e do Senado antes de ser promulgada. Como a reforma deve ser feita por meio de emenda constitucional, com o apoio de três quintos dos deputados (308) em uma votação de dois turnos, a inclusão de temas polêmicos em seu texto dificulta a aprovação.
Principais pontos do projeto em discussão:
1-      Ao instituir o recolhimento do ICMS no Estado de destino, a reforma pretende reduzir a guerra fiscal.
2-     A alíquota do ICMS na origem ficará em 2 por cento. Para ressarcir as perdas dos Estados no processo de transição da mudança no ICMS, o projeto propõe a criação do Fundo de Equalização de Receitas (FER).

3-    O relator pretende também criar o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR), o qual teria o objetivo de incentivar a atividade econômica em regiões mais pobres.
4-    A proposta em discussão prevê a punição dos Estados que adotarem instrumentos de guerra fiscal com a perda de repasses do FNDR, do FER e do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
5-    O projeto pretende simplificar o sistema tributário, unificando as atuais 27 alíquotas do ICMS, uma de cada Estado. Para evitar o aumento da carga tributária, os Estados poderão fixar alíquotas diferenciadas para um número limitado de produtos e serviços.
6-    Outra medida para simplificar o sistema será a criação do Imposto sobre Valor Agregado Federal (IVA-F), que substituirá o PIS/Cofins e a contribuição para o salário-educação e será partilhado com Estados e municípios.
7-    Já a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o Imposto de Renda serão unificados.

8-    Desoneração da folha de pagamentos das empresas por meio da redução da contribuição para o INSS --queda na alíquota de 20 por cento para 14 por cento em seis anos-- e redução de 2,5 por cento gerada pela extinção do salário-educação.
9-    O relator da proposta, deputado Sandro Mabel (PR-GO), pretende criar dispositivos que assegurem o aproveitamento pelas empresas de créditos de ICMS, IVA-F e IPI.
10-  O relatório prevê aumento dos recursos para investimentos em infraestrutura. O setor passaria a ser contemplado pela arrecadação do IVA-F, IR e IPI, e não mais pela Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide-Combustível), que, por ter mais um caráter regulatório, não possui uma base de arrecadação firme.
11   Além de tentar criar limites para a elevação do ICMS e do IVA-F, o relator promete reduzir os impostos que incidem sobre alimentos, bebidas, medicamentos e produtos de higiene e limpeza.
12-  A carga tributária paga por empresas poluidoras pode aumentar, enquanto que companhias que protejam o meio ambiente poderão ter benefícios fiscais.